A diabetes é uma condição crônica que ocorre quando o corpo não produz insulina suficiente ou não a utiliza de maneira adequada, resultando em altos níveis de açúcar no sangue. Se não tratada, a doença pode causar complicações graves, como problemas cardíacos, nos rins, visão e nervos. Muitas vezes, os primeiros sintomas surgem apenas quando a diabetes já está em um estágio avançado, o que pode dificultar a prevenção de complicações.

Uma pesquisa da Federação Internacional de Diabetes (IDF, em inglês) revelou que 72% das pessoas com diabetes só descobriram a doença após desenvolverem pelo menos uma complicação, como cegueira, aterosclerose, infarto do miocárdio, insuficiência renal e até perda de sensibilidade, geralmente nas mãos e nos pés, que ocorrem quando altos níveis de glicose no sangue causam lesões nos nervos.

A endocrinologista Larissa Figueiredo, consultora do Sabin Diagnóstico e Saúde, explica que, apesar de ser uma doença silenciosa, é possível identificar alguns fatores de risco. “Além do check up anual, necessário para todas as pessoas, as que apresentam histórico familiar de diabetes e condições como a obesidade devem redobrar a atenção no acompanhamento dos  níveis de glicemia no sangue”, orienta a médica. Entre os sinais mais comuns, ela cita sede excessiva, aumento da vontade de urinar, cansaço constante e perda de peso sem motivo aparente. “Ao notar esses sintomas, é essencial buscar orientação médica para realizar exames”, completa.

Tipo 1 x Tipo 2

A especialista explica que há dois tipos principais de diabetes. A diabetes tipo 1 acontece quando o sistema imunológico ataca as células do pâncreas que produzem insulina, resultando na falta total do hormônio. Já a diabetes tipo 2, mais comum, ocorre quando o corpo não consegue usar a insulina de maneira eficaz, mesmo que ela esteja presente. Em ambos os casos, o resultado é o aumento da glicose no sangue, a chamada hiperglicemia.

“A diabetes tipo 1 costuma aparecer na infância ou adolescência, com sintomas como fraqueza, náuseas, vômitos e mudanças de humor. Já a tipo 2, que é mais comum em adultos, pode causar formigamento nas mãos e pés, infecções frequentes e visão turva”, explica a endocrinologista.

Diagnóstico

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o Brasil tem cerca de 20 milhões de pessoas com a doença, sendo 90% dos casos do tipo 2, que está diretamente relacionado à obesidade, dietas inadequadas e sedentarismo. O diagnóstico da diabetes é feito por meio de uma avaliação clínica, histórico médico e exames laboratoriais.

“O principal exame para diagnosticar a diabetes é a glicemia de jejum, que mede os níveis de açúcar no sangue após um período sem alimentação de, no mínimo, oito horas”, esclarece Larissa Figueiredo. Outro exame bastante utilizado é a hemoglobina glicada, que avalia o controle da glicose nos últimos três meses e não exige jejum.

Além disso, o teste oral de tolerância à glicose (TOTG), utilizado para avaliar a resposta do corpo ao açúcar, foi atualizado recentemente e agora inclui uma medição adicional após 60 minutos, além das já conhecidas aferições em 0 e 120 minutos. Essa mudança melhora a precisão dos resultados.

Prevenção e tratamento

Larissa Figueiredo afirma que a prevenção ao tipo 1 da diabetes é limitada, já que a doença está relacionada a fatores genéticos, mas a orientação geral é manter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos e realizar check-ups ao menos uma vez por ano para identificar qualquer alteração nos níveis de glicose.

“Já a prevenção do diabetes tipo 2 envolve mudanças no estilo de vida, como manter uma dieta equilibrada, rica em fibras e com baixo teor de açúcares, praticar atividades físicas regularmente e controlar o peso, especialmente em pessoas com histórico familiar da doença. Essas medidas reduzem o risco de desenvolver resistência à insulina e, consequentemente, o diabetes tipo 2”, comenta.

Segundo a especialista, o tratamento do diabetes tipo 1 exige o uso diário de insulina para controlar os níveis de glicose, enquanto o tipo 2 pode incluir medicamentos orais e, em alguns casos, insulina. Em ambos, a mudança no estilo de vida é essencial para o controle da doença.

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