Foto: Freepik

Redução da libido, ondas de calor, suores noturnos, ansiedade, insônia, irritabilidade, ressecamento vaginal, perda muscular e ganho de peso são fenômenos comuns nas mulheres entre 45 e 55 anos, devido à menopausa. Definida como a cessação permanente da menstruação causada pela perda da função ovariana, a menopausa, apesar de ser algo natural e esperado, tende a prejudicar a qualidade de vida da mulher. Nesse contexto, entra a possibilidade da terapia de reposição hormonal (TRH) que, quando feita sob supervisão e de forma personalizada, traz benefícios incontestáveis.

Nos últimos anos, a ciência muito avançou na definição de indicações, riscos e benefícios da reposição hormonal. Apesar disso, assistimos a uma utilização desenfreada e irresponsável de hormônios com objetivos estéticos, como anabolizantes, e uma dessas formulações subcutâneas, o chamado “chip da beleza” tem como componente principal a gestrinona, indicado para aumento da libido, emagrecimento, endometriose, contracepção, aumento de massa muscular e disposição física. Embora usado com frequência atualmente, não há fundamentação científica que respalde sua utilização. Além disso, podem estar associadas a efeitos negativos como trombose, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial sistêmica, aterosclerose, hepatite medicamentosa, insuficiência hepática aguda, transtornos mentais, infertilidade, disfunção erétil e diminuição de libido.

Assistimos atônitos a um comércio abusivo da prescrição de hormônios anabolizantes e “chipagem” hormonal, entre outros similares, com substâncias como a gestrinona, testosterona e outros. Muitos profissionais recém-formados utilizam-se dessa prática e, por meio das redes sociais, fazem do marketing a grande estratégia de convencimento, com promessas infundadas de “antienvelhecimento”, “performance” e “modulação hormonal” – práticas que utilizam o pretexto de repor hormônios que estariam abaixo do ideal para violar os pilares fundamentais da evidência cientifica e da ética médica.

Sociedades médicas como a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia solicitaram que o Conselho Federal de Medicina (CFM) votasse a regulamentação sobre o uso de esteroides anabolizantes e similares para fins estéticos e de performance.

E, felizmente, em abril desse ano, o CFM vedou a prescrição médica de terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes com finalidade estética, para ganho de massa muscular e/ou melhora do desempenho esportivo por inexistência de comprovação científica suficiente que sustente seu benefício e a segurança do paciente. A norma destacou a inexistência de estudos que demonstrem a magnitude dos riscos associados à terapia hormonal androgênica em níveis acima dos considerados normais, tanto em homens quanto em mulheres, além da ausência de comprovação científica de condição clínico-patológica na mulher decorrente de baixos níveis de testosterona ou androgênios.

A TRH sistêmica é um tratamento eficiente para os sintomas da menopausa, além de ter o potencial efeito na prevenção da osteoporose. Formulações de estrogênio orais ou transdérmicos têm eficácia similar, e devem ser associados ou não a progestágenos, de acordo com a indicação médica, sendo pesados riscos e benefícios, devendo ser selecionada e melhor terapia na menor dose possível. Atualmente, o perfil de maior benefício e menor risco para a reposição hormonal é a mulher que entrou na menopausa há menos de 10 anos, que tenha a pressão normal, peso dentro do recomendado, fisicamente ativa e com baixo risco cardiovascular e baixo risco para o câncer de mama.

A qualidade de vida e a saúde da mulher dependem de múltiplos fatores. Se houver indicação de reposição hormonal, a mesma deve ser feita e supervisionada por um especialista cuja prática seja pautada na ciência.

Com informações de: O Globo

Artigo anteriorOzempic: os 13 efeitos colaterais mais relatados por usuários nas redes; saiba quais são
Próximo artigoBrasileiros já retiraram R$ 57 bilhões da poupança este ano, maior valor desde 1995