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O dólar à vista tinha alta ante o real nesta quarta-feira, 19, à medida que investidores avaliam os efeitos das novas promessas tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e aguardam a divulgação da ata da reunião de janeiro do Federal Reserve.
Às 10h10, o dólar à vista subia 0,57%, a R$ 5,7217 na venda. Veja cotações.
Na terça-feira, o dólar à vista fechou em baixa de 0,42%, a R$5,6887 — menor cotação de fechamento desde 7 de novembro de 2024.
A sessão desta quarta-feira é novamente marcada por uma agenda vazia no Brasil, o que deve levar os investidores a voltarem suas atenções para o exterior, em busca de notícias sobre o novo governo dos EUA e em relação à trajetória da taxa de juros do Fed.
Trump disse na véspera que pretende impor tarifas sobre automóveis de “em torno de 25%” e taxas de importações semelhantes sobre semicondutores e produtos farmacêuticos, na mais recente de uma série de medidas que ameaçam abalar o comércio internacional.
Na sexta-feira, ele já havia dito que as tarifas sobre automóveis serão aplicadas em 2 de abril, um dia depois de sua equipe econômica entregar relatórios com opções para uma série de tarifas recíprocas. Trump não forneceu uma data para o anúncio das outras medidas.
Diferente das semanas que sucederam a vitória eleitoral de Trump, quando suas ameaças tarifárias provocaram grande volatilidade nos mercados globais, o anúncio da véspera pouco alterava a precificação de ativos ao redor do mundo.
Isso ocorre porque os agentes financeiros têm cada vez mais interpretado que os planos tarifários de Trump são mais uma tática de negociação do que ameaças reais, o que segura movimentos maiores até que as tarifas de fato entrem em vigor.
Desde que tomou posse, a única medida comercial de Trump ativada até o momento foi a tarifa de 10% sobre importações da China, com outras medidas sendo adiadas ou ainda distantes da data planejada para a entrada em vigor, o que abre espaço para negociações.
“Nesse momento, os mercados não reagem com uma aversão ao risco, com uma busca pelo dólar, como seria se fosse uma tarifa imediata, porém a gente não pode descartar a possibilidade disso entrar em vigor daqui a algumas semanas ou meses”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,20%, a 107,210.
O principal evento do dia ocorrerá durante a tarde, quando o banco central dos EUA divulgar a ata de sua mais recente reunião de política monetária, às 16h, em que os membros decidiram manter a taxa de juros inalterada, após três encontros consecutivos cortando os juros.
Os investidores buscarão indícios sobre como as autoridades têm avaliado as novas políticas do governo Trump, além de qualquer sinal sobre como isso pode afetar as próximas decisões de juros.
“Essa ata ajuda a complementar a leitura dos agentes em relação às expectativas para a trajetória da taxa de juros nos EUA, mas ela nunca traz exatamente novidades, visto que sempre sai três semanas após a decisão”, afirmou Mattos.
A tese principal dos analistas continua sendo de que as principais medidas de Trump — como tarifas de importação e deportações em massa — têm potencial inflacionário, o que pode dificultar ainda mais o retorno da inflação para a meta de 2% do Fed.
Com informações de IstoÉ