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Em mais um dia de muita volatilidade no mercado, nesta terça-feira (2/7), o dólar chegou a romper a barreira dos R$ 5,70, perdeu força, mas fechou em alta de 0,2%, cotado a R$ 5,664. Economistas avaliam que a “rixa pública” entre os presidentes da República e do Banco Central (BC), somada à política fiscal e ao cenário externo, motiva a oscilação da moeda.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem falado à imprensa, todos os dias, sobre a política de juros altos do BC e sinalizado a troca do presidente da autoridade monetária, cujo mandato termina em janeiro de 2025. Além disso, o mandatário afirmou que há um “jogo especulativo” contra o Real. São sinais, de acordo com os economistas, que geram incertezas.

“E o mercado não gosta de incertezas. Quando elas existem, o que acontece é volatilidade”, explicou Rodrigo Moliterno, chefe de Renda Variável da Veedha Investimentos. “Está muito nítido que esse movimento especulativo é ancorado nas questões políticas, porque os fundamentos macroeconômicos brasileiros estão até bons”, completou.

Joga para a plateia

Para o economista, Lula “joga para a plateia”, em sentido contrário ao que tenta fazer o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tem insistido na austeridade das contas públicas. “O Haddad tem uma atuação que está bem avaliada pelo mercado, mas o presidente tem falado demais. Agora, para acalmar o mercado, Lula tem de parar de falar e o ministro, demonstrar mais ações para fechar as contas públicas”, disse Moliterno.

Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, defende que o governo seja mais assertivo ao falar das contas públicas. “Temos 90% de despesas obrigatórias, então a margem de manobra é pequena. Qualquer coisa fora do previsto, como a ajuda ao Rio Grande do Sul, atrapalha as contas públicas, que fecham no vermelho”, disse.

Isso leva o BC a manter a política de juros altos, segundo a especialista, porque há entendimento de que o déficit fiscal influencia a inflação. “E aí continua a disputa entre o Lula, que quer juros mais baixos, e o BC, que interrompeu o ciclo de queda”, concluiu.

Do lado externo, a demora dos Estados Unidos em baixar os juros, sinalizando que só deve fazê-lo no último trimestre do ano, gera incertezas. Os economistas dizem, ainda, que as eleições nos Estados Unidos também são um aspecto a se considerar. Além disso, a ascensão da extrema direita na Europa, que tem se saído bem nas últimas eleições ocorridas no continente, adiciona um grau de incerteza sobre as relações comerciais com os países em desenvolvimento.

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