Joga para a plateia
Para o economista, Lula “joga para a plateia”, em sentido contrário ao que tenta fazer o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tem insistido na austeridade das contas públicas. “O Haddad tem uma atuação que está bem avaliada pelo mercado, mas o presidente tem falado demais. Agora, para acalmar o mercado, Lula tem de parar de falar e o ministro, demonstrar mais ações para fechar as contas públicas”, disse Moliterno.
Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, defende que o governo seja mais assertivo ao falar das contas públicas. “Temos 90% de despesas obrigatórias, então a margem de manobra é pequena. Qualquer coisa fora do previsto, como a ajuda ao Rio Grande do Sul, atrapalha as contas públicas, que fecham no vermelho”, disse.
Isso leva o BC a manter a política de juros altos, segundo a especialista, porque há entendimento de que o déficit fiscal influencia a inflação. “E aí continua a disputa entre o Lula, que quer juros mais baixos, e o BC, que interrompeu o ciclo de queda”, concluiu.
Do lado externo, a demora dos Estados Unidos em baixar os juros, sinalizando que só deve fazê-lo no último trimestre do ano, gera incertezas. Os economistas dizem, ainda, que as eleições nos Estados Unidos também são um aspecto a se considerar. Além disso, a ascensão da extrema direita na Europa, que tem se saído bem nas últimas eleições ocorridas no continente, adiciona um grau de incerteza sobre as relações comerciais com os países em desenvolvimento.