Os cursos técnicos vêm ganhando destaque como uma alternativa estratégica para quem busca qualificação profissional rápida e inserção no mercado de trabalho. Além de oferecerem habilidades práticas e alta empregabilidade, essas formações também se mostram como uma base sólida para quem planeja seguir para uma graduação. Segundo o Censo Escolar 2023, a educação profissional foi a modalidade que mais cresceu no Brasil, com 2,41 milhões de matrículas nas redes pública e privada, naquele ano.
À Agência Brasil, o diretor de estatísticas educacionais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Carlos Moreno, afirmou que a educação profissional estimula os alunos a darem sequência aos estudos. Ele citou, por exemplo, áreas como saúde, meio ambiente, produção industrial, gestão e negócios, que podem estimular estudantes a cursarem medicina, farmácia, administração, contabilidade ou engenharias.
O administrador Weslley Nascimento, 29, começou a sua trajetória profissional em um curso técnico. Ele conta que a escolha para ter primeiro uma formação profissionalizante fez muita diferença nas oportunidades de trabalho que alcançou.
“A administração sempre foi um ramo que eu quis migrar, tanto que hoje eu sou comprador em uma grande rede de restaurantes aqui da região Norte. Eu consegui me promover através da minha graduação e pelo conhecimento que obtive no curso técnico. Foi por esse motivo que eu escolhi fazer primeiro o técnico, porque a duração é mais curta e você já tem ali os primeiros conhecimentos daquilo que você realmente quer e almeja na sua vida profissional”, comenta.
A história é similar à da contabilista Vaneide Souza, 34, que trilhou o caminho da graduação após se formar primeiro em um curso técnico. Hoje, ela é formada em ciências contábeis, mas diz que valeu a pena ter buscado primeiro o ensino profissionalizante.
“O conhecimento técnico me permitiu iniciar a minha vida profissional na área contábil. A graduação serviu para ampliar meus conhecimentos, uma vez que eu já estava atuando. A graduação também me abriu novas portas técnico e na minha carreira”, conta.
Diferenças
Entre os aspectos que diferenciam os cursos técnicos das graduações estão duração, custo, foco do ensino e ingresso no mercado de trabalho. Os cursos técnicos são formações profissionalizantes, enquanto as graduações são cursos que conferem um diploma de ensino superior.
“Os cursos técnicos são mais curtos, com duração de 12 meses. Além disso, podem ser feitos em paralelo ao ensino médio, o que permite uma entrada mais rápida no mercado de trabalho. Já a graduação pode durar de três a seis anos, a depender da área. O técnico é mais focado no ensino prático, embora também traga teoria. Já a graduação prepara não só para a profissão, mas também para pesquisa e pós-graduações”, explica a diretora-presidente do Centro de Ensino Técnico (Centec), Eliana Cássia de Souza.
Em relação ao custo, a média para os cursos técnicos fica entre R$ 300 a R$ 500, dependendo da área escolhida, segundo a gestora. Para a graduação, o custo mensal varia entre R$ 700 a 2 mil, em média, excluindo a formação em medicina (a mais cara), de acordo com a plataforma Quero Bolsa, especializada em ofertas de cursos para instituições particulares.
Estratégias
A coordenadora pedagógica ressalta que boa parte dos estudantes optam por cursar um técnico ainda durante o ensino médio. Porém, também há uma parcela considerável de alunos que alternam as aulas com outras responsabilidades, como trabalho ou até mesmo graduações.
“O Centec oferece uma série de possibilidades para que o aluno consiga adaptar sua rotina. Além de dispor de aulas nos três turnos, é possível que o estudante faça uma formação completa à distância, para alguns cursos. Estão disponíveis o EaD para os técnicos em serviços jurídicos, segurança do trabalho, administração, qualidade, recursos humanos e transações imobiliárias”, comenta.