O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira, 15, que o jornalista britânico Dom Phillips, que desapareceu junto com o indigenista Bruno Araújo Pereira há dez dias, na região do Vale do Javari, era “malvisto” por fazer “muita matéria contra garimpeiro” ou com foco em questões ambientais. Segundo Bolsonaro, Dom deveria ter “mais atenção consigo próprio”.

Em entrevista ao canal de Leda Nagle, no YouTube, o presidente foi enfático: “esse inglês era malvisto na região, porque fazia muita matéria contra garimpeiros, questão ambiental, então, naquela região lá, que é bastante isolada, muita gente não gostava dele. Ele tinha que ter mais que redobrada atenção para consigo próprio e resolveu fazer uma excursão. A gente não sabe se alguém viu e foi atrás dele, lá tem pirata no rio, lá tem tudo que possa imaginar lá”, disse Bolsonaro.

Ainda segundo o presidente, Phillips e Bruno “resolveram entrar numa área completamente inóspita, sozinhos, sem segurança e aconteceu o problema”.

Mesmo sem ser um especialista em assuntos amazônicos, Bolsonaro declarou que “é muito temerário você andar naquela região sem estar devidamente preparado fisicamente e também com armamento devidamente autorizado pela Funai, que pelo que parece não estavam”, disse ele mais à frente.

Bolsonaro também disse acreditar que se o indigenista e o jornalista tiverem sido assassinados, “pouca coisa vai sobrar”.

“Aquela região, você pode ver, pelo que tudo indica, se mataram os dois, se mataram, espero que não, eles estão dentro d’água e dentro d’água pouca coisa vai sobrar. Peixe come, não sei se tem piranha lá no Javari. A gente lamenta tudo isso aí”, afirmou.

As declarações de Bolsonaro foram feitas após o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmar, em um discurso no Parlamento britânico, estar “profundamente preocupado” com os desaparecimentos.

Na entrevista, Bolsonaro também criticou o ministro Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso (STF) por ter determinado um prazo de cinco dias para que o governo adotasse todas as providências possíveis para encontrar Phillips e Pereira.

“Vem sentar na cadeira para dar dica de como achar os 60 mil desaparecidos e não só dois que estão lá porque todos merecem dedicação”, disparou em referência ao número de pessoas desaparecidas no Brasil.

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