Em entrevista à revista Veja, o general Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde, negou que haja militarização da pasta – admitindo que recrutou 18 militares para ajudá-lo na “missão” – e rebateu as declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que acusou o Exército de ser cúmplices de um genocídio, diante das mais de 75 mil mortes provocadas pelo coronavírus.

“Quem são os genocidas? Os 5 000 funcionários do ministério? Os dezoito oficiais que eu trouxe para trabalhar comigo? Foi uma conversa muito mal colocada, atravessada, num momento errado e de uma pessoa que não precisava falar isso. Mas eu e o ministro Gilmar já conversamos”, disse.

Segundo Pazuello, Mendes ligou em um momento em que ele não podia atender. Mas, logo depois retornou a ligação, dizendo que foi uma “conversa tranquila”.

“Eu disse a ele: ‘O senhor não tem culpa alguma de ter informações tão truncadas a ponto de fazer tal declaração. Se o senhor quiser saber exatamente como é, vem me visitar’. Ele concordou e disse para nós conversarmos. Se ele entender que tem de conhecer o ministério, verificar o trabalho que estamos fazendo e assim mesmo achar que é um genocídio, é direito dele. Mas faço questão de mostrar tudo. Ele vai ver, inclusive, que não existe militarização do ministério”, afirmou, diante do espanto da jornalista Marcela Mattos, que fez a entrevista: “Não?”.

“Ao todo, trouxe dezoito militares — quinze são da ativa. Apenas quatro militares estão em cargos de chefia, o resto é técnico. É essa a militarização do ministério. Qual é o problema nisso? Militar é um recurso humano formado e pago pelo contribuinte. Esse estigma precisa acabar”, afirmou Pazuello, ressaltando que vê “zero” ameaça à democracia.

“Nasci em 1963, não sei nem o que é AI-5, nunca nem estudei para descobrir o que é. A história que julgue. Isso é passado, acabou. A nossa guerra agora é contra a corrupção, contra o aparelhamento de uma estrutura complicada de muitos anos que a gente herdou em todos os órgão”.

Mandetta e isolamento

Na entrevista, Pazuello ainda criticou o isolamento social defendido pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta no início da pandemia do coronavírus, dizendo que o antecessor não “estava errado ou que teve dolo. Na época era o que tinha de certo”.

“No início, a população foi orientada a permanecer em casa mesmo com os sintomas da Covid. E era para ficar em casa até sentir falta de ar. E, quando você tivesse falta de ar, ainda diziam para segurar mais um pouquinho. Matamos quantas pessoas com isso? Loucura. O porcentual de morte sobe para 70% ou 80%. E isso não está dito em lugar nenhum, principalmente por quem agora nos critica”, afirmou.

Segundo ele, o isolamento social é “uma possibilidade que tem de ser avaliada dentro de uma realidade específica”, ressaltando que “não houve — nem é possível haver — isolamento em favelas, com oito pessoas morando na mesma casa e saindo todos os dias em busca de algum dinheiro para viver. E vale dizer: os casos não explodiram por lá”.

O militar ainda afirmou que a testagem em massa – que foi recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e teve resultados positivos em muitos países no combate ao coronavírus – não é essencial.

“Criaram a ideia de que tem de testar para dizer que é coronavírus. Não tem de testar, tem de ter diagnóstico médico para dizer que é coronavírus. E, se o médico atestar, deve-se iniciar imediatamente o tratamento”.

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