O presidente da República, Jair Bolsonaro fez um novo pronunciamento em cadeia de rádio e TV na noite desta quarta-feira, 8. Em seu quinto discurso, o assunto foi a defesa do uso da cloroquina para tratar doentes da Covid-19 desde a fase inicial da doença, apesar da falta de consenso científico a respeito.

Num discurso de cerca de seis minutos, ele retomou o embate com governadores e prefeitos, ao responsabilizá-los pelas medidas de isolamento impostas à população, como o fechamento do comércio e a proibição de outras atividades.

A fala se deu no mesmo dia em que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu que governos estaduais e municipais têm autonomia para determinar o recolhimento.

Segundo o magistrado, a União não pode “afastar unilateralmente” as decisões de executivos locais sobre as providências de restrição de circulação que vêm sendo adotadas durante a pandemia do novo coronavírus. Ele esclareceu que as decisões valem “independentemente” de posterior ato do presidente em sentido contrário.

Enquanto discursava, Bolsonaro foi novamente alvo de panelaços em bairros de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre.

No discurso, Bolsonaro se alinhou aos que defendem a cloroquina como solução.

“Instruí meus ministros: após ouvir médicos, pesquisadores e chefes de Estado de outros países, passei a divulgar, nos últimos 40 dias, a possibilidade de tratamento da doença desde sua fase inicial”, declarou o presidente ao se referir ao medicamento, testado e aprovado para o cuidado de pacientes com enfermidades como a malária, mas cuja eficácia contra o novo vírus ainda está em fase de pesquisa.

O presidente disse ainda ter conversado com o premiê indiano, Narendra Modi, e acertado o envio de material para que a fabricação do medicamento no Brasil prossiga, com previsão de chegada até o próximo sábado (11). “Receberemos matéria-prima para continuar produzindo a hidroxicloroquina.”

Sobre restrições adotadas na pandemia, Bolsonaro afirmou que respeita a autonomia dos governadores e prefeitos. “Muitas medidas, de forma restritiva ou não, são de responsabilidade exclusiva dos mesmos. O governo federal não foi consultado sobre sua amplitude ou duração”, discursou.

Solidariedade

Pela primeira vez, Bolsonaro expressou solidariedade com os familiares das vítimas da Covid-19. “Gostaria, antes de mais nada, de me solidarizar com as famílias que perderam seus entes queridos nessa guerra que estamos enfrentando.” Segundo boletim do Ministério da Saúde divulgado nesta quarta-feira, o Brasil registra 800 mortes pela doença.

O presidente novamente equiparou a necessidade de salvar vidas com a de manter empregos. “Sempre afirmei que tínhamos dois problemas a resolver, o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados simultaneamente”, comentou.

“Os mais humildes não podem deixar de se locomover para buscar seu pão de cada dia. As consequências do tratamento não podem ser mais danosas que a própria doença”, continuou, acrescentando que o desemprego leva à fome e também à morte. Com informações de Folha de S. Paulo e Brasil 247.

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