A empresa japonesa ispace informou, nesta terça-feira, que perdeu o contato com a sonda espacial Hakuto-R — que faria o primeiro pouso de uma empresa privada na Lua — em um sinal de que ela pode ter sido destruída pelo impacto. A espaçonave estava em órbita lunar levando um módulo de aterrissagem e um pequeno jipe-robô, batizado de Rashid, construído por cientistas dos Emirados Árabes. Entre os objetivos da missão, estava o teste de um novo sistema de locomoção na superfície da Lua e o estudo da poeira lunar.
— Temos que admitir que não devemos ter conseguido completar o pouso — disse o CEO da empresa, Takeshi Hakamada.
O pouso estava previsto para às 13h40 (horário de Brasília), mas o módulo de aterrissagem iniciou a descida cerca de uma hora antes. No horário previsto, a central de controle não recebeu nenhum sinal enviado pela sonda. Meia hora depois, Hakamada informou que o pouso não havia sido confirmado.
A ispace informou que ainda tenta confirmar o que aconteceu com a sonda, que levaria o Japão a se tornar o quarto país do mundo a pousar um artefato em solo lunar, depois dos Estados Unidos, da China e da Rússia (ainda no período soviético).
A missão da ispace tinha entre os objetivos o estudo da poeira lunar e de suas propriedades dinâmicas, por meio do jipe-robô Rashid. O módulo de aterrissagem da Hakuto-R também carregava um experimento da Jaxa, a agência espacial do governo do Japão, batizado de Sora-Q. Esse equipamento, um pequeno robô que se desdobra como um “transformer”, serve para testar uma nova tecnologia de locomoção no solo lunar.
A Hakuto-R estava na órbita da Lua há cerca de um mês esperando o melhor momento para tentar o pouso, com a espaçonave já estabilizada. A ispace estava preocupada com capacidade da missão de sustentar energia, mas, antes do procedimento, informou que as perspectivas eram boas.
“Conforme nosso modulo de aterrissagem se aproxima da superfície lunar, a Lua ocupa mais do campo de visão dele. Isso faz com que o Sol fique bloqueado por mais tempo, o que representa um desafio para gerenciamento e geração de energia”, afirmou em comunicado Sasha Hurowitz, um dos engenheiros que lideram o projeto, antes da tentativa de pouso. “Por meio de testes e análises cuidadosos, a equipe de engenharia da ispace se preparou para isso e conduziu com sucesso o módulo de pouso pelos períodos mais longos de eclipse.”
Corrida espacial lunar
A Hakuto-R partiu da Terra em um foguete Falcon 9, da SpaceX, que foi considerado o mais adequado para acomodar sua estrutura de 340 kg e cerca de 2,5 metros de diâmetro. O projeto da sonda tem como parceiras e patrocinadoras várias empresas japonesas tradicionais, incluindo Japan Airlines, Suzuki Motors e Citizen Watch. A ispace informou, no meio do ano passado, que tinha levantado, até aquele momento, US$ 237 milhões em recursos, sem especificar quanto foi empregado especificamente na Hakuto-R.
Nos últimos cinco anos, houve movimento intenso de investigação na órbita lunar, com os chineses pousando a sonda Chang’e 3 na Lua após 37 anos da última aterrissagem soviética. A China ainda aterrissou com mais duas sondas da série Chang’e no satélite, em 2018 e 2020. Dois outros países (Israel e Índia) também enviaram módulos de aterrissagem à Lua, mas falharam ao tentar pousar em 2019.
A corrida em direção a Lua ganhou rostos e biografias novos, no inicio do mês, quando a NASA – a Agência Espacial Americana – anunciou o nome dos quatro astronautas que vão comandar a primeira missão tripulada à Lua, em cinco décadas. Os astronautas da NASA Reid Wiseman, Victor Glover e Christina Koch, além do Canadense Jeremy Hansen, vão se preparar para o lançamento da Artemis II, previsto para novembro de 2024. A agência vai promover missões não tripuladas antes, por meio do programa de financiamento de iniciativas comerciais. (Com The New York Times)