Folha de S.Paulo – Depois de anos celebrando o aumento de alunos no ensino médio, chegamos em 2020 com um dado aparentemente estarrecedor divulgado na segunda-feira (30/12/19) pelo Inep: houve menos matrículas em 2019 que em 2018. Pior, isso ocorreu tanto nas redes públicas quanto nas escolas particulares.

Certamente devemos investigar se a causa seria a redução da taxa de repetência, com um número menor de alunos cursando novamente a mesma série, ou, numa outra possibilidade, se a transição demográfica finalmente chegou a esta modalidade de ensino, como já havia ocorrido no ensino fundamental. Em ambos os casos, isso explicaria o menor número de alunos.

a verdade, as autoridades do MEC, como instância coordenadora da política educacional, deveriam se pronunciar sobre os dados, na sequência da liberação do Censo Escolar. Se mais jovens abandonaram a escola ou nem se matricularam após concluir o 9º ano, a situação é bastante grave e demanda políticas públicas competentes. Afinal, em tempos de Revolução 4.0, ter cursado menos que o ensino médio é quase certeza de exclusão do mercado de trabalho e de prosseguir com a transmissão intergeracional de pobreza. 

A Base Nacional Comum Curricular para o ensino médio, que começou a ser traduzida em currículos estaduais em 2019, vai ajudar nessa direção, embora tenha que enfrentar a complexidade de lidar com cinco itinerários formativos alternativos e definir como irão se organizar no território de cada unidade federativa. A ampliação da jornada escolar para, no mínimo, cinco horas também pode representar um desafio suplementar, especialmente em locais em que muitos jovens já estavam fora da escola ou estudavam à noite, período inadequado para a faixa etária de 15 a 17 anos. 

Mas, sem todo esse esforço, além do empenho em atrair, formar e reter bons professores, não teremos nem um ensino médio de qualidade, nem crescimento de longo prazo. Que, em 2020, todos os jovens estejam na escola e aprendendo. É assim que se constrói um país.

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