No dia 5 de junho deste ano, com o desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo Pereira, os olhos do mundo estiveram voltados para o Vale do Javari (AM).

A notícia não poderia ser pior para a imagem do governo brasileiro que nos últimos três anos é apontado pelo desmonte do Ibama e da Funai, além de incentivar a invasão das terras indígenas e a devastação da floresta amazônica.

Até o dia 5, na sede do município de Atalaia do Norte, que fica no Javari, as autoridades lá presentes se resumiam em meia dúzia de policiais destacados para uma região com forte influência do tráfico de drogas e do contrabando de pescado.

A partir do dia 5, Exército, Marinha, Aeronáutica, Força de Segurança Nacional, Ministério Público, a Polícia Federal, entre outros, não tardaram a se fazer presente na isolada e esquecida Atalaia do Norte.

Mas foi só até a conclusão das investigações que culminaram com a localização dos corpos e prisão dos envolvidos no crime.

Hoje, três meses após o assassinato do britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo, Atalaia do Norte, segundo Beto Marubo, integrante da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), voltou a ficar como antes, sem a presença do estado.

Em entrevista ao Roda Vida nesta segunda-feira, 05, dia que marca a elevação do Amazonas à categoria de Província, Beto Marubo declarou que todos os órgãos deixaram a região com a mesma velocidade que chegaram.

Segundo ele, é como se o Exército, a Aeronáutica, a Marinha e a Polícia Federal tivessem abdicado de suas responsabilidades de garantir à região segurança, tranquilidade e paz aos povos do Vale do Javari, ocupado pelos povos de etnias indígenas Mayoruna/Matsés, Matis, Marubo, Kulina Pano, Kanamari, Korubo e os Tsohom Dyapá.

“Estamos só, como sempre estivemos”, denuncia Beto Marubo. Segundo ele, não há interesse das institutições do estado de se fazer presente na região, alvo das quadrilhas e de criminosos que transitam na região de fronteira sem qualquer incômodo das autoridades brasileiras.

Sobre o assassinato Dan e Bruno e os problemas que afetam a sobrevivência dos povos tradicionais, ele disse que ainda não viu nenhum atitude concreta do poder público.

Para entender

O jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo Pereira desapareceram no 5 de junho enquanto viajavam pelo Vale do Javari, uma região remota do estado do Amazonas palco de conflitos entre indígenas e invasores de terras.

O caso levantou temor sobre a segurança da dupla. Segundo informações da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), da qual Bruno faz parte, o indigenista era alvo de ameaças constantes de madeireiros, garimpeiros e pescadores da região.

Dia 15 o pescador Amarildo da Costa Oliveira, também conhecido como “Pelado”, confessou que matou e enterrou os corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, correspondente do jornal The Guardian, na região do Rio Javari (AM). A informação foi confirmada por Eduardo Alexandre Fontes, superintendente regional da PF no Amazonas.

Amarildo foi preso em flagrante no dia 7, por porte de munição de uso restrito. Segundo Fontes, o pescador confessou na noite de terça-feira (14), voluntariamente, a autoria do duplo homicídio, e contou com detalhes a dinâmica do crime. De acordo com o relato de Amarildo, Bruno e Dom Phillips teriam sido mortos por arma de fogo — informação que ainda precisa ser confirmada pela perícia.

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