A vazante que atinge o rio Tarumã-Açu, jamais vista em outras ocasiões, fez com que mais 90% dos flutuantes, que atuam na região, paralisassem as atividades com serviços de bar, restaurante, hospedaria e lazer.  O rio de cor negra deu lugar as águas barrentas, semelhantes ao rio Solimões.

No rio Tarumã-Açu, o movimento de banhistas, de lanchas e de motonáuticas, caiu significativamente desde quando as águas dos rios Negro e Tarumã-Açu passaram a baixar rapidamente no final do mês de setembro.

Um dos empreendimentos atingido pela forte estiagem é o flutuante Abaré. De acordo com o empresário Diogo de Vasconcelos, a vazante de 2023 não se compara com as secas já vivenciadas na região em outras temporadas. “Nós vivemos uma seca bem intensa em 2015. Mas nada comparado a de 2023, seja pela intensidade e velocidade que o Tarumã secou”, disse o empresário.

Diogo destaca que jamais paralisou a atividade em seu empreendimento. “Nunca havíamos parado de operar devido à estiagem. As secas eram momentos de diminuição do movimento, mas nunca precisamos sair de casa nem suspender nossos trabalhos “, declarou o empresário, informando que deu férias coletivas aos funcionários. “Nós estamos desde a última semana de setembro sem trabalhar. 43 funcionários estão em férias coletivas. Diferente da pandemia, nenhuma ajuda seja municipal, estadual ou federal. Nenhuma autoridade aparece no Tarumã para ajudar. Só aparecem para fiscalizar e cobrar impostos”, completou.

O proprietário do Abaré ressalta que pretende reabrir o empreendimento quando a cota do rio Negro chegar a 16 metros. “Não temos previsão de retorno. Pretendemos voltar quando o rio Negro alcançar a marca de 16m. Vamos vender carro, vender voadeiras, vamos sangrar, mas vamos sobreviver. Além de tudo isso, (há) uma sentença absurda querendo tirar os flutuantes do Tarumã, inclusive, os licenciados como nós. Estamos sozinhos e sairemos sozinhos”, informou Diego.

O presidente da Associação de Flutuantes do Tarumã-Açú (Afluta), Nildo Affonso, relembrou que em 2022, no mesmo período da vazante, os empreendimentos na região não paralisaram as atividades. “Durante todo o mês de setembro do ano passado, só havia secado 4 metros. Em 2023, em setembro, foram oito metros”, frisou o presidente.

Público

Márcia Novo, que é cantora e proprietária do Tarumanos Float, relembrou que em outras temporadas o movimento caía, mas não parava. Ela destaca que, devido à seca e as matérias negativas relacionadas a retiradas dos flutuantes, o público parou de procurar os espaços flutuantes.  “A galera sabe que ir para beira está um ‘tranco’. O movimento caiu muito, praticamente zero. Lá no Tarumanos Float, recebemos há duas semanas os últimos clientes. A galera está perguntando valores e datas livres para hospedagem, mas não está fechando, porque as coisas estão indefinidas”, declarou Márcia.

A empresária salientou que este ano provavelmente vão demorar a retornar as atividades. “Esse ano a qualidade da água não está legal, a temperatura, afastam os banhistas de irem para a beira. Enquanto, a água não voltar para a sua temperatura normal, não melhorar a questão de embarque e desembarque na Marina do Davi, nem todo mundo vai querer ir para a beira”, disse.

Outro operador na região do Tarumã-Açu, identificado como Andrinho Demerson, informou que em outros anos, o rio secava, mas as atividades não eram paralisadas, como estão em 2023.

“Secava mais tínhamos público; nunca tinha ficado como agora, sem clientes. Diminuía, mas não muito, em torno de 10% somente. Agora está fechado totalmente. Caiu (movimento) 100%. não adianta termos calor e não ter água no rio”, disse.

Prejuízo

Fernando Bezerra, que atua no Pontão Nascer do Sol, na Marina do Davi, lamentou que a vazante afastou os clientes do estabelecimento comercial. ‘A nossa clientela caiu 80% porque não tem mais lanchas de passeio. (Se) Tirarem os flutuantes, nós estamos sofrendo (SIC) também em prol disso, devido o movimento ter caído muito. Não só da seca, mas também a retirada dos flutuantes que vai acontecer logo, logo”, declarou Fernando.

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