Foto: Ricardo Stuckert/PR

O cenário eleitoral brasileiro para 2026 pode ser fortemente influenciado pelo avanço do segmento evangélico no país. Segundo um estudo da Mar Asset Management, a parcela da população brasileira que se identifica como evangélica deverá chegar a 35,8% em 2026, um aumento significativo em relação aos 32,1% em 2022 e aos 22% em 2010.

Essa transformação demográfica tem implicações diretas na política nacional, visto que municípios com maior presença evangélica tendem a rejeitar candidatos de esquerda, como mostra a análise dos últimos ciclos eleitorais. O estudo destaca que a expansão evangélica já foi determinante para os resultados das eleições de 2018 e 2022, e deverá dificultar ainda mais a permanência do PT no poder.

O impacto evangélico na política

A pesquisa evidencia que, apesar de a economia brasileira apresentar indicadores positivos, como baixa taxa de desemprego e inflação controlada, a avaliação do governo Lula III segue negativa, especialmente entre os evangélicos. Enquanto eleitores não evangélicos avaliam Lula de forma semelhante ao governo Dilma I (2011-2014), os evangélicos demonstram maior rejeição.

Além disso, a análise da Mar Asset Management indica que a relação entre o crescimento evangélico e a votação em partidos de direita é clara e consistente em diversas regiões do Brasil. Estados e municípios com maior número de templos evangélicos registram um percentual significativamente menor de votos no PT, fortalecendo candidatos conservadores.

A ascensão das igrejas evangélicas e sua influência

O crescimento da população evangélica está diretamente ligado ao aumento do número de igrejas no Brasil. Entre 2010 e 2024, o número de templos evangélicos dobrou, ultrapassando 140 mil templos ativos. O ritmo de crescimento tem sido constante, com cerca de 5 mil novas igrejas abertas por ano desde 2010, independentemente do governo vigente.

Além disso, o estudo revela que a presença evangélica é mais forte nas regiões Norte e Centro-Oeste, enquanto o Nordeste segue sendo a região com menor proporção de evangélicos. Estados como Amazonas (AM) e Espírito Santo (ES) já possuem maioria evangélica, e a tendência é que essa expansão continue.

O desafio do PT para 2026

O relatório aponta que a eleição de 2022 foi vencida por Lula devido à maior conversão de votos entre os eleitores não evangélicos. No entanto, o crescimento contínuo da população evangélica pode inviabilizar uma nova vitória do PT, mesmo que Lula consiga repetir a alta captação de votos desse grupo.

A Frente Parlamentar Evangélica, que já conta com 246 assinaturas no Congresso, também reforça a capacidade de mobilização política dessa parcela da população. O segmento evangélico se consolidou como um bloco eleitoral de grande influência, com tendências ideológicas conservadoras, o que representa um desafio para a esquerda nas próximas eleições.

Além disso, mesmo diante de uma possível deterioração econômica nos próximos anos, a influência do voto evangélico poderá consolidar uma vitória para a direita em 2026. Para o PT, restam duas opções estratégicas: tentar ampliar a conversão de votos entre os não evangélicos ou buscar uma maior aceitação dentro da comunidade evangélica, o que, segundo o estudo, parece ser uma tarefa árdua.

O crescimento evangélico representa um dos maiores desafios para a candidatura de Lula à reeleição. Com uma base eleitoral cada vez mais alinhada à direita e uma rejeição crescente ao PT, os evangélicos podem se tornar o fator decisivo nas eleições presidenciais de 2026. Resta saber se o governo conseguirá reverter esse quadro ou se a tendência conservadora se consolidará ainda mais no Brasil.

Confira os Números

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