
Mais do que ajudar a controlar a diabetes tipo 2 e promover a perda de peso, a semaglutida — princípio ativo de medicamentos como Ozempic e Wegovy — pode também ter efeitos neuroprotetores, de acordo com um novo estudo realizado nos Estados Unidos.
Pesquisadores da Universidade Case Western Reserve of Medicine analisaram os dados de 1,7 milhão de pacientes com diabetes tipo 2 e encontraram uma associação entre o uso da semaglutida e um menor risco de desenvolver Alzheimer e outras formas de demência. O estudo foi publicado nesta quarta-feira (25/6) no Journal of Alzheimer’s Disease.
Relação entre diabetes e declínio cognitivo
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a diabetes tipo 2 pode acelerar processos neurodegenerativos, alterando o metabolismo da glicose no cérebro, a função vascular e a sinalização da insulina, o que contribui para comprometimento cognitivo.
“A diabetes tipo 2 aumenta significativamente o risco de demência. Por isso, medicamentos que consigam controlar a doença e ao mesmo tempo proteger o cérebro podem representar um grande avanço”, destacam os autores do estudo.
Dados reforçam efeito protetor da semaglutida
Durante a pesquisa, os pacientes foram acompanhados por três anos e os efeitos da semaglutida foram comparados com sete outros medicamentos utilizados no tratamento da diabetes tipo 2. Os cientistas utilizaram uma técnica estatística avançada para simular ensaios clínicos controlados com os dados existentes.
Principais achados:
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Pacientes tratados com semaglutida apresentaram um risco significativamente menor de demência em comparação com os que utilizaram outros antidiabéticos;
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O efeito neuroprotetor foi mais evidente em mulheres e idosos;
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Os resultados indicam potencial de prevenção ou desaceleração da progressão do Alzheimer.
O que é o Alzheimer
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa crônica, causada pela morte progressiva das células cerebrais. Pode começar a se desenvolver décadas antes dos primeiros sintomas.
Sintomas iniciais:
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Esquecimentos frequentes (como nomes, compromissos ou onde deixou objetos);
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Desorientação no tempo e espaço;
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Dificuldade em tomar decisões simples;
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Alterações de comportamento (nervosismo, agressividade, apatia);
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Repetições constantes de frases e ações.
Embora seja mais comum após os 70 anos, casos precoces podem surgir já por volta dos 30 anos, sendo classificados como Alzheimer precoce.
Causas possíveis
Pesquisas indicam que o Alzheimer pode estar relacionado a fatores como:
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Acúmulo de proteínas danificadas no cérebro (Amilóide e Tau);
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Alterações genéticas (como o gene APOE);
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Inflamações neurológicas crônicas;
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Doenças vasculares e falhas na produção de energia celular.
Sem cura, mas com tratamento
A doença não tem cura, mas o tratamento pode ajudar a retardar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. As abordagens incluem:
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Uso de medicamentos que atuam sobre neurotransmissores;
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Estimulação cognitiva;
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Fisioterapia e suporte multidisciplinar.
“Estudo fornece esperança”, diz cientista
Apesar dos resultados promissores, os cientistas alertam que os dados não são suficientes para confirmar que a semaglutida previne a demência. Mais estudos clínicos controlados serão necessários para confirmar a eficácia do fármaco com esse propósito.
“Não há cura ou tratamento eficaz para a demência. Por isso, este estudo fornece uma evidência valiosa do potencial impacto da semaglutida na prevenção ou desaceleração da doença, especialmente entre pessoas de alto risco”, afirmou o professor Rong Xu, líder da equipe de pesquisa, em entrevista à Science Daily.
Com informações de Metrópoles







