O governo dos Estados Unidos divulgou nesta terça-feira (7) imagens da operação realizada para resgatar os destroços do balão de alta altitude chinês na costa da Carolina do Sul. As fotos foram feitas no domingo (5), um dia após o objeto ter sido derrubado por um caça americano.
John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano, descartou a possibilidade de devolver partes do artefato à China. Ele disse que alguns detritos foram recuperados da superfície do mar, mas que as condições climáticas não permitiram que as operações subaquáticas resgatassem outros destroços.
A descoberta do balão no espaço aéreo americano aumentou as tensões entre os EUA e a China. Washington afirma que o objeto era um instrumento de espionagem, enquanto Pequim diz que o artefato saiu da rota por causa de correntes de ventos e que era usado para pesquisas, sobretudo meteorológicas.
O anúncio levou o governo dos EUA a adiar a visita que o chefe da diplomacia americana, o secretário de Estado, Antony Blinken, faria a Pequim. Ele deveria se encontrar com o líder do regime chinês, Xi Jinping, numa tentativa de avançar no apaziguamento das tensões entre as duas maiores potências mundiais.
Republicanos têm criticado o presidente dos EUA, Joe Biden, por ter, segundo eles, demorado para ordenar a derrubada do balão. Segundo Kirby, a demora se deveu ao fato de que especialistas examinavam o objeto —os destroços recuperados no domingo, diz, devem revelar mais informações.
Sem entrar em detalhes, ele acrescentou que, antes de o objeto ser destruído, os EUA implementaram medidas em locais militares sensíveis para mitigar a capacidade de coleta de dados que o balão teria.
De acordo com Kirby, o governo também entrou em contato com funcionários dos setores de inteligência que atuavam na administração anterior para obter informações sobre os sobrevoos de supostos balões chineses que aconteceram durante a Presidência de Donald Trump (2017-2021). Segundo o Pentágono, objetos da China sobrevoaram o território americano em três ocasiões durante gestão do republicano.
No episódio mais recente, o balão de alta altitude chinês entrou pela primeira vez em uma zona de identificação dos EUA em 28 de janeiro. Três dias depois, passou ao espaço aéreo canadense e voltou ao americano no dia 31.
Depois, o objeto sobrevoou Billings, em Montana, onde fica uma base militar com silos de mísseis balísticos intercontinentais. Ele percorreu uma trajetória diagonal pelo país, de Idaho à Carolina do Sul, ao longo de sete dias. Os EUA decidiram inicialmente não derrubar o balão, sob argumento de que o item tem capacidade limitada de coleta de informações e que seus destroços poderiam cair em áreas civis.
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O general Glen VanHerck, chefe do Comando de Defesa Aeroespacial, disse que o balão tinha aproximadamente 60 metros de altura e transportava uma cesta que pesava mais de uma tonelada.
Desde que o balão foi derrubado, os Estados Unidos estiveram em contato com autoridades chinesas, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price. Mas, segundo ele, ainda não foi discutida uma nova data para a visita de Blinken a Pequim.
Nesta segunda (6), a China reconheceu ser dona de outro balão que sobrevoava a América Latina e se tornou de conhecimento público após anúncio dos EUA. De acordo com o regime de Xi Jinping, trata-se de um objeto civil usado para testes de voo.
Questionada, Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, disse que, devido a forças meteorológicas e a uma capacidade de manobra limitada, o balão desviou da rota programada e, de maneira acidental, dirigiu-se para a América Latina e o Caribe.
Com informações da Folha de São Paulo