
O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) avaliou que a prisão de Dahesly Oliveira Pires, 25, é um ponto importante para identificar mais suspeitos da quadrilha responsável pela execução do ex-delegado-geral Ruy Fontes Ferraz.
Em evento nesta quinta-feira (18/9) na cidade de Araçatuba, no interior de São Paulo, ele destacou o trabalho da polícia no caso.
“Ela é uma mulher que fez o transporte de um fuzil de Diadema até Praia Grande. Então ela fez o transporte dessa arma, levou o fuzil e trouxe esse fuzil de volta. Esse fuzil que a gente está procurando agora localizar foi uma das armas utilizadas no crime, e a partir dela a gente chega em mais um suspeito”, disse Tarcísio em entrevista coletiva.
“Nós estamos já começando a identificar todos os autores, nós vamos pegar um por um, nós vamos entrar com as medidas judiciais, mais um pedido de prisão, para que a gente possa capturar essas pessoas e a partir daí ir estabelecendo autoria e estabelecendo motivação para que a gente possa entender exatamente o que aconteceu e o que motivou o assassinato do doutor Ruy”, completou o governador.
O papel de Dahesly no crime
A mulher presa por suspeita de envolvimento no assassinato do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, ocorrido na última segunda-feira (15/9), na Praia Grande, no litoral de São Paulo, foi até a região do crime para buscar um dos fuzis usados pelos atiradores, de acordo com investigação da Polícia Civil.
Dahesly Oliveira, de 25 anos, foi presa na madrugada desta quinta (18). Segundo a polícia, ela foi mandada por um homem, no dia seguinte ao assassinato, para recolher o fuzil e entregá-lo em Diadema, na região metropolitana da capital paulista, cidade onde a suspeita mora.
Em coletiva, a delegada Ivalda Aleixo, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou que ela é dependente química e já foi presa por tráfico de drogas. Dahesly disse que recebeu “uma missão”, mas não soube identificar o nome do mandante, conforme a delegada.
O delegado-geral Artur Dian afirmou que há “um grande indício” de que o fuzil foi usado na execução. “O local em que ela foi buscar o fuzil é na Praia Grande, próximo ao [local] do atentado do doutor Ruy, traz esse fuzil para Diadema, onde os dois indivíduos com prisão decretada fazem parte”, afirmou na coletiva.
Dian fez menção aos dois suspeitos que tiverem prisão preventiva decretada: Flávio Henrique Ferreira de Souza, de 24 anos, e Felipe Avelino da Silva, 33, conhecido como “Mascherano”, integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) com atuação no ABC.
Eles tiveram suas impressões digitais recolhidas na cena do crime e são procurados pela investigação.
Suspeito de matar o ex-delegado geral da Polícia Civil, “Mascherano”, envolvido com o PCC, atuava em uma “função de disciplina” na região do ABC paulista, segundo o secretário da Segurança Pública Guilherme Derrite. O indivíduo possui histórico criminal por tráfico de drogas, roubo qualificado, corrupção de menores, localização e apreensão de veículo, e já foi preso 2 vezes pela polícia. Ele ficou mais de 6 anos detido, de 2017 a 2023, quando passou para o regime aberto.
A investigação deve apurar ainda a função dos suspeitos na emboscada, mas a corporação destaca que eles estavam presentes na cena do crime. “Ainda é cedo para apontar quais foram os papéis deles. O que se tem é, que, após o trabalho pericial, eles estavam na cena do crime”, explicou Derrite.
Além dos dois suspeitos que tiveram a identidade divulgada nesta manhã, uma mulher de 25 anos, suspeita de transportar um dos fuzis usados no assassinato, foi presa na madrugada desta quinta-feira (18/9). A suspeita, identificada como Dahesly Oliveira Pires, teria feito o transporte do armamento do ABC paulista para Praia Grande, onde o crime ocorreu.
Há dois anos, em 10 de junho de 2023, Dahesly e outras cinco mulheres foram presas por tráfico de entorpecentes, ao tentarem entrar no Centro de Detenção Provisória (CDP) II de Osasco, durante a visita aos detentos. As drogas estavam escondidas nas blusas do tipo “top”, em folhas de carbono, e foram percebidas por um scanner.
Com Dahesly foram encontrados 187 gramas de maconha. As outras mulheres levavam quantidades semelhantes da substância, além de LSD e outras drogas sintéticas.
Parte do grupo foi solto na audiência de custódia. Em junho de 2023, a Justiça recebeu denúncia contra elas por tráfico de drogas. No caso de Dahesly, o processo foi suspenso em agosto de 2025, a pedido do Ministério Público.
Assassinato de ex-delegado
- O ex-delegado-geral da Polícia Civil paulista Ruy Ferraz Fontes foi executado a tiros por criminosos em um atentado, no bairro Mirim, em Praia Grande, litoral sul de São Paulo, no início da noite da última segunda-feira (15/9). Outras duas pessoas que estavam próximas ao local do ataque ficaram feridas.
- Uma câmera de segurança registrou a ação dos criminosos. Ruy Ferraz Fontes dirigia um carro em aparente fuga, quando bateu em um ônibus e capotou o veículo. Na sequência, os bandidos desembarcaram de outro carro que seguia atrás e dispararam vários tiros contra o veículo do ex-delegado.
- Ruy Ferraz Fontes morreu no local. Ele foi o primeiro delegado a investigar a atuação do PCC no estado, enquanto chefiava a Delegacia de Roubo a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), no início dos anos 2000.
Vídeo mostra execução
Câmeras de segurança registraram o momento em que Ruy Ferraz fugia de criminosos em uma perseguição, quando bateu o carro em um ônibus e capotou. Os atiradores aparecem em um SUV (Sport Utility Vehicle, ou Veículo Utilitário Esportivo, em português) Toyota Hilux SW4 preto. Eles descem do veículo e disparam mais de 20 tiros de fuzil contra o delegado.
Quem era o ex-delegado Ruy Ferraz
O ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, que ocupava o cargo de secretário de Administração de Praia Grande após se aposentar da Polícia Civil, atuou por 40 anos na corporação e era especialista na facção paulista.
Ferraz tinha especialização em Administração Geral e Financeira em Órgãos Públicos e participou de cursos complementares, como o de Anti-Drogas e Anti-Terrorismo realizado pelo Ministério do Interior e da Segurança Pública da Polícia Nacional da França e o de Aperfeiçoamento sobre Repressão às Drogas, em Vancouver, pela Polícia Montada do Canadá, conforme informou a Prefeitura de Praia Grande.
Ele iniciou a carreira como delegado de Polícia Titular da Delegacia de Polícia do Município de Taguaí, do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter) 7.
Durante a vida profissional, foi delegado de Polícia Assistente da Equipe da Divisão de Homicídios do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), delegado de Polícia Titular da 1ª Delegacia de Polícia da Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), delegado de Polícia Titular da 5ª Delegacia de Polícia de Investigações Sobre Furtos e Roubos a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e comandou outras delegacias e divisões na Capital.
Ferraz também esteve à frente da Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo e foi Diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap). Atuou como professor Assistente de Criminologia e Direito Processual Penal da Universidade Anhanguera e também como professor de Investigação Policial pela Academia da Polícia Civil do Estado de São Paulo.
Ruy assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande em janeiro de 2023, permanecendo na gestão que se iniciou em 2025, até ser morto nesta segunda-feira.
Com informações de CNN Brasil.










