
O desenvolvimento das habilidades motoras em crianças depende fundamentalmente de estímulos físicos, brincadeiras e hábitos diários, que permitem a aquisição de movimentos como correr, pular, segurar objetos e manter o equilíbrio. No entanto, o tempo excessivo de exposição a telas – celulares, tablets e televisores – tem se mostrado um fator prejudicial, reduzindo as oportunidades de prática e tornando tarefas básicas mais desafiadoras. Estudos indicam que essa exposição prolongada pode afetar tanto o desenvolvimento motor quanto o cognitivo.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) são categóricas em recomendar que se evite a exposição de crianças a telas na primeira infância (até os 2 anos de idade), período considerado crucial para a aquisição de habilidades motoras e cognitivas essenciais.
Identificando Sinais de Dificuldade Motora
As habilidades motoras são categorizadas em:
- Finas: Envolvem movimentos delicados, como desenhar, recortar ou abotoar roupas.
- Grossas: Incluem movimentos amplos, como correr, pular, subir escadas e manter o equilíbrio.
Dificuldades frequentes em qualquer uma dessas áreas podem ser um indicativo de que a criança necessita de estímulo adicional. A pediatra Ana Carolina Viegas, de São Paulo, explica: “As dificuldades motoras nas crianças podem aparecer de maneiras sutis no dia a dia, por isso é importante que pais e cuidadores fiquem atentos”. Pequenos lapsos motores são comuns, mas a recorrência ou o impacto nas atividades rotineiras justificam a busca por orientação profissional, para diferenciar atrasos normais de situações que demandam acompanhamento especializado.
A Importância da Intervenção Precoce e dos Estímulos
Uma vez identificados sinais de atraso motor ou alterações neurológicas, a intervenção precoce é vital. O cérebro infantil possui uma notável capacidade de reorganização, o que significa que atividades específicas podem fortalecer conexões neuronais e auxiliar na superação de déficits motores. Fisioterapia, terapia ocupacional e atividades psicomotoras são ferramentas que contribuem significativamente para melhorar a coordenação, o equilíbrio, a força e a autonomia da criança, ajudando-a a atingir os marcos de desenvolvimento esperados para sua idade. Quanto mais cedo a intervenção começar, maiores são as chances de recuperação completa.
O neurologista infantil Marcelo Masrula, de Vitória (ES), destaca a interligação entre as áreas: “O desenvolvimento motor e o cognitivo estão intimamente ligados. O movimento é a base da aprendizagem. Cada gesto, brincadeira e tentativa de equilíbrio ajuda a fortalecer circuitos cerebrais que também sustentam linguagem, atenção e comportamento”.
Ambiente, Brincadeiras e Parceria Familiar
O desenvolvimento motor é moldado pela interação entre fatores genéticos e ambientais. Nutrição adequada, sono de qualidade e oportunidades de movimento influenciam diretamente a coordenação. Brincadeiras, esportes e atividades manuais, como desenhar ou montar blocos, são cruciais para estimular o cérebro e fortalecer os músculos.
O tempo excessivo diante de telas, ao contrário, reduz essas oportunidades essenciais. Portanto, é fundamental equilibrar o uso da tecnologia com atividades que promovam a coordenação e a força física. Pais e cuidadores devem permanecer vigilantes aos sinais de atraso motor e buscar acompanhamento especializado sempre que necessário, garantindo um desenvolvimento saudável e completo para as crianças.
Com informações de Metrópoles







