aujo Rocha, por estelionato. Um grupo de pessoas, de diferentes estados do Brasil, registraram boletim de ocorrência indicando o homem como suposto autor de um golpe de pirâmide financeira. Os valores investidos pelas vítimas somam quantias milionárias.

“O cara era amigo do meu esposo desde garoto e, por isso, quando ele [Fabrício] chegou falando sobre investimentos rentáveis, eu e meu marido confiamos. Fizemos empréstimos no banco para investir com ele e, pelo fato de no início termos tido um certo retorno, o indicamos a outras pessoas”, disse Maria*, uma das vítimas, que é moradora do Distrito Federal.

Tempos depois, no entanto, o golpista teria “sumido com milhões de reais”. “Hoje em dia, sabemos que ele lesou pessoas até mesmo em Portugal, onde chegou a morar por dois anos após sair do DF. Temos conhecimento de que ao menos 50 pessoas foram roubadas por ele”, completou.

Segundo Maria, após aplicar o golpe, o homem desapareceu. Parou de atender telefonemas, não respondia mensagens e mudou de endereço. Diante da vergonha e da situação financeira difícil na qual muitas pessoas ficaram, Maria e o esposo se endividaram, outra vez, para ressarcir quem eles indicaram.

“Um colega nosso saiu do emprego e pegou um empréstimo de R$ 100 mil para investir com ele. Hoje está desempregado, atolado em dívidas e com depressão, sem esperança para recuperar os valores. Meu marido, que tinha indicado até mesmo colegas do trabalho, agora fez empréstimo para ressarcir essas pessoas. É muito difícil, porque esse homem realmente tinha a confiança do meu esposo. Ele não era um desconhecido, mas mesmo assim nos enganou”, informou a mulher.

Como o golpe funcionava

Segundo as vítimas, Fabrício convencia pessoas próximas a ele a investirem em sua empresa, sob a alegação de que tratava-se de algo legal e não um esquema de pirâmide financeira. Por tê-lo como alguém de confiança, familiares e amigos de infância passaram a entregar grandes quantias na mão do homem.

No início, o suspeito depositava entre 5% e 10% do valor investido nas contas das vítimas, para que elas continuassem depositando dinheiro e captando outras pessoas para o negócio. Com o tempo, o golpe tornou-se nacional. Até mesmo agentes de segurança pública investiram capital na esperança de conseguirem bons rendimentos.

Promessas de altos lucros e investimentos seguros nos mercados nacional e internacional atraíram centenas de investidores, incluído a família do próprio Fabrício. Muitos dizem que não tiveram o lucro prometido ou sequer receberam um retorno do que investiram.

José*, um dos investidores, disse à reportagem que sonhava comprar um apartamento e, por isso, decidiu aplicar o dinheiro com o objetivo de retirar uma quantia maior e concluir a compra do imóvel no futuro. Na contramão do que desejava, no entanto, caiu em um golpe que hoje pode lhe custar a própria casa.

“Vendi uma casa e entreguei todo o dinheiro na mão dele. A intenção era fazer o valor render para comprar um novo apartamento. Fora isso, também repassei outros valores como décimo terceiro e férias. Para mim ele era uma pessoa de confiança, né? O que deixa tudo ainda pior. Ele enganou a própria família, enganou os amigos de infância. O prejuízo foi tão grande que eu provavelmente terei de devolver minha casa, que comprei confiando nele”, disse o homem.

Falso banco digital

Ao Metrópoles João*, um outro investidor, informou que conheceu Fabrício em Portugal e, com o tempo, os dois tornaram-se amigos. Certo dia, o suposto golpista o abordou informando que estaria à procura de pessoas para montar uma corretora de investimentos e, depois, um banco digital. Impressionado e confiando no amigo, João topou a empreitada.

Sem saber, a vítima, então, teria caído no golpe e investido dinheiro no suposto esquema criminoso. Semelhante ao que teria acontecido com outras pessoas, João, no início, recebia um certo retorno, o que fez com que ele indicasse Fabrício a conhecidos no exterior.

“No início não consegui desconfiar dele. Ele [Fabrício] sempre me passou confiança. Era alguém em quem eu acreditava. Ele, inclusive, chegou a fazer um contrato para criarmos um banco digital. Acredito que esse seja o padrão da execução de um ladrão, né? Ele primeiro trabalha para conquistar a confiança da pessoa para então dar o bote”, disse João.

Com o tempo, segundo conta a vítima, Fabrício passou a “sumir” e voltar informando que teve as contas bloqueadas. “Foi quando eu desconfiei e fiquei desesperado, pois havia indicado amigos e familiares para o negócio dele. Eu mesmo perdi mais de R$ 400 mil reais nesse golpe. Hoje estou tentando ressarcir todos que indiquei e quero justiça. Ele precisa pagar pelo que fez para não continuar destruindo vidas”, declarou.

Procurada, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) informou que o caso está sob investigação e que, por isso, não será comentado.

* Nomes fictícios para resguardar a identidade e garantir a segurança das vítimas

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