Sophia Hernández, irmã da vítima, está à frente de uma mobilização que tem objetivo de reclassificar o crime cometido contra Julieta como feminicídio. Ela foi recebida pelo Defensor Público Geral do Amazonas, Rafael Barbosa

A União Brasileira de Mulheres (UBM) e familiares da artista venezuelana Julieta Hernandez entregarão na próxima quarta-feira (12) um pedido à juíza responsável pelo caso para que o crime cometido contra Julieta seja reclassificado como feminicídio. Julieta foi assassinada por um casal na cidade de Presidente Figueiredo, a 117 km de Manaus, em dezembro do ano passado.

Julieta Hernandez, que viajava de bicicleta pelo Brasil, foi morta no município de Presidente Figueiredo. Em janeiro, o Ministério Público do Amazonas denunciou Thiago Angles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos pelos crimes de latrocínio (roubo seguido de morte), estupro e ocultação de cadáver. Ambos confessaram o crime.

A família de Julieta e entidades ligadas aos direitos humanos acusam o processo de avançar de maneira lenta e pleiteiam a mudança da tipificação dos crimes. Uma comitiva viajou até Manaus nesta segunda-feira (10) para realizar uma série de tratativas e reuniões com integrantes do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), da Defensoria Pública, do Ministério Público e da Secretaria de Segurança Pública.

Participaram dos encontros a irmã da artista, Sophia Hernández, a presidente da UBM, Vanja Andrea, e a deputada estadual amazonense Alessandra Campêlo (Podemos). Também estiveram presentes a ouvidora nacional do Ministério das Mulheres, Grazielle Carra, e a secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, Denise Dau, além dos advogados Carlos Nicodemos e Maria Fernanda Fernandes.

A presidente do TJ-AM, desembargadora Nélia Caminha Jorge, recebeu o grupo. De acordo com participantes da reunião, a magistrada afirmou que ligaria para a juíza do caso para pedir celeridade no processo.

Na semana passada, o Ministério das Mulheres divulgou uma nota em apoio à campanha que pede que o caso seja enquadrado como feminicídio. “A violência contra Julieta Hernandez apresenta características de um crime misógino e xenófobo, de ódio à artista circense como mulher e como migrante”, dizia a nota.

O caso tramita na Vara Única de Presidente Figueiredo, e a UBM pediu habilitação nos autos do processo como assistente de acusação.

Julieta Hernandez, conhecida como palhaça Miss Jujuba, vivia no Brasil desde 2015 e fazia parte do grupo de cicloviajantes “Pé Vermei”. Ela estava viajando do Rio de Janeiro até a Venezuela de bicicleta quando desapareceu. Após mais de dez dias sem ser vista, seu corpo foi encontrado no quintal da sede do Espaço Cultural Mestre Gato, um local que serve como ponto de apoio para viajantes e andarilhos que transitam pela rodovia BR-174.

Programação

Nesta terça-feira (11), durante a sessão plenária da Aleam, a deputada Alessandra Campelo fará uma rápida explicação sobre o histórico do caso Julieta Hernández, depois fará cessão de tempo para os pronunciamentos de Sophia Hernández e de Denise Motta Dau, Secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher do Ministério das Mulheres. 

Na sequência, haverá um ato de solidariedade dos movimentos sociais e movimentos de mulheres no hall da Aleam.

Na quarta-feira (12), uma caravana em memória à Julieta Hernández parte de Manaus rumo a Presidente Figueiredo, onde o grupo terá encontro com autoridades locais, fará uma manifestação pacífica e, por fim, reunirá com a magistrada do caso.

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