Há 40 anos, casais inférteis (que tentaram engravidar, sem sucesso, no período de um ano) não tinham esperanças de ter filhos. Para eles, a única alternativa seria adotar. Mas em 1978 — há 40 anos — o nascimento do primeiro bebê de proveta mudou esse cenário e mostrou que a reprodução assistida poderia ser uma alternativa para pessoas com problema de fertilidade.
De lá para cá, cerca de 8 milhões de pessoas foram geradas por este procedimento, segundo dados divulgados no Congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE, na sigla em inglês). E estima-se que esse número aumente consideravelmente nos próximos anos. “As mulheres têm engravidado cada vez mais tarde, quando as chances de fertilidade são menores e é preciso recorrer à clínica assistida”, afirma Márcio Coslovsky especialista em reprodução humana e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da ESHRE.
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Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que um em cada dez casais em idade fértil têm algum tipo de dificuldade para engravidar. No Brasil, são 8 milhões de casais. A Espanha é o país europeu mais ativo em reprodução assistida, com 119.875 ciclos de tratamento realizados, seguido pela Rússia (110.723), Alemanha (96.512) e França (93.918), de acordo com relatório da ESHRE divulgado em 2015.
Estima-se que sejam feitos 2 milhões de ciclos de fertilização in vitro anualmente em todo o mundo. No Brasil, o número de ciclos de fertilização in vitro (FIV) teve crescimento de 168,4% no período de 2011 a 2017, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Só no ano passado foram feitos 36.307 procedimentos do gênero. Um aumento de 7,4% em relação a 2016, quando houve uma queda no número de fertilizações in vitro motivada pela crise econômica e pelo medo do zika. Apesar do aumento expressivo no número de procedimentos nos últimos sete anos, a Anvisa informa que não é possível determinar quantos resultaram em nascimento uma vez que depois da fertilização, as pacientes são acompanhadas por outros profissionais e clínicas.
Apesar do crescimento, o acesso à técnica ainda é restrito por causa do custo. No país, pode chegar a custar cerca 15.000 reais, fora o custo de medicação para aumentar a ovulação (fertilização), que gira em torno de 5.000 reais. Esses valores são altos pois boa parte dos equipamentos e do material de consumo é pago em dólar, uma vez que quase tudo vem da Europa e dos Estados Unidos.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a fertilização in vitro como parte do tratamento de infertilidade. Atualmente, segundo informações do Ministério da Saúde, 11 instituições públicas vinculadas trabalham com o procedimento. Já as operadoras de planos de saúde ainda não atuam nesta área, embora a OMS considere a infertilidade um problema comparável a outras doenças crônicas.
“Ela leva à angustia, ao estresse, à depressão e à infelicidade. Então, ela deve ser tratada. No Brasil ainda não avançamos nesse sentido. Nos estados Unidos, alguns convênios já cobrem esses procedimentos. Na Europa, quem paga é o próprio estado”, explica Coslovsky. (veja.com)










