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Um dos réus da Operação Venefica, alvo de nova ação do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) na segunda-feira (27/1), é filho do coach de emagrecimento Felipe Francisco e foi preso por atender pacientes em casa de forma ilegal, em Santa Catarina.

Ambos são réus na Operação Venefica e, segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), Luis Felipe Martins Francisco atuava como biomédico no esquema e estava proibido de exercer a profissão. O Gaeco cumpriu três mandados de busca e apreensão em diferentes endereços. Conforme o MP, foram apreendidos na ação máquinas de cartão, aparelhos eletrônicos e anabolizantes.

Durante a ação, Luis Felipe Martins Francisco teria alegado que usava as substâncias para consumo próprio, porém, em um dos endereços, foi encontrado um caderno com anotações sobre os clientes e aplicações e, por conta disso, o réu foi preso.

Luis Felipe foi identificado como filho de Felipe Francisco, homem apontado como líder do esquema de venda ilegal de medicamentos e que era o proprietário da clínica F Coaching, fechada em 2023 na primeira fase da Operação Venifica.

A defesa de Luis Felipe afirmou em nota que sua condução ocorreu de maneira ilegal, sem que se apresentassem os requisitos necessários para tal ação. “Ressaltamos que estamos empenhados em adotar todas as medidas cabíveis para garantir que a liberdade de nosso cliente seja restabelecida”, disse a advogada Francine Kuhnen.

Ainda segundo a defesa, Luis Felipe não é biomédico e as máquinas de cartão não teriam sido apreendidas com ele.

Participação do pai no esquema

Felipe Francisco, pai de Luis Felipe, foi preso em 2023 e cumpriu prisão domiciliar até setembro do ano passado após decisão do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), onde foi condenado por crimes semelhantes em 2019. “Havia indícios que a condenação neste feito não trouxe os efeitos pedagógicos esperados, porquanto, no ano passado, Felipe Francisco foi preso novamente pela suposta prática dos mesmos crimes […], o que demonstra sua total indiferença à condenação que lhe foi imposta”, conforme decisão do juiz Luiz Carlos Fortes Bittencourt, do TJPR.

Três meses depois, a defesa pediu novamente para que o coach pudesse cumprir a prisão domiciliar. A defesa sustentou que o decreto prisional representa uma impropriedade por parte do Juízo da Vara de Ponta Grossa.

O pedido foi feito ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), já que Felipe cumpria a pena no sistema prisional de Joinville. De acordo com o órgão, ele foi aceito em 24 de dezembro após parecer favorável do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). O motivo seria questões de saúde.

Relembre a Operação Venefica

Luis Felipe Martins Francisco é um dos 24 réus por participação no esquema de clínicas ilegais de emagrecimento que funcionavam em Joinville, Itajaí e Balneário Camboriú. Entre os crimes que teriam sido praticados pelo grupo está a formação de organização criminosa, liderada por Felipe Francisco, dono de uma das clínicas, falsificação, adulteração e venda irregular de medicamentos, falsidade ideológica e exercício ilegal da Medicina.

Entre os participantes do esquema estariam médicos, farmacêuticas, nutricionistas, biomédicos e fisioterapeutas. Integrantes da equipe administrativa das clínicas também teriam cooperado para a prática dos crimes, ficando responsáveis muitas vezes pela compra dos medicamentos para o estoque na própria clínica.  Veja como atuava cada profissional:

Farmácias de manipulação: as quais aviavam as receitas ilicitamente recebidas dos integrantes da F Coaching, alteravam produtos para fins terapêuticos e medicinais, criando compostos em desacordo com as autorizações e normas sanitárias, omitiam informações nos rótulos das fórmulas, e ainda incluindo no rótulo, muitas vezes, substâncias diversas daquelas constantes na composição do produto, com o único fim de criar um falso encarecimento desses produtos para garantir o superfaturamento da quadrilha. 

Nutricionistas: a quem cabia fazer as prescrições de substâncias medicinais, psicoativas, e de uso controlado mediante a obtenção de “altas comissões”;

Biomédicas: a quem cabia a aplicação dos injetáveis, como anabolizantes e medicamentos manipulados injetáveis de protocolos criados por Felipe na própria clínica;

Médicos: a quem cabia a assinatura das receitas efetuadas por Felipe e pelos nutricionistas, ou a autorização mediante contraprestação financeira para a livre emissão de receitas médicas com seus dados e assinaturas;

Funcionários do administrativo: a quem cabia a guarda, depósito e controle do estoque dos medicamentos para a venda, substâncias ilicitamente vendidas e entregues a consumo no local, assim como a aquisição de tais produtos, realização de pedidos dos produtos com fins terapêuticos e medicinais, em sua grande maioria anabolizantes e manipulados prescritos pelo bando e a sua entrega aos consumidores. As informações são de NSC Total.

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