
O filme “Belén”, representante da Argentina na corrida por uma indicação ao Oscar, narra a impactante história real de uma jovem falsamente acusada de realizar um aborto ilegal. A produção, que marca a estreia brasileira no Festival do Rio, busca não apenas reconhecimento internacional, mas também amplificar a discussão sobre os direitos reprodutivos das mulheres.
Dirigido, roteirizado e estrelado por Dolores Fonzi — que interpreta a advogada Soledad Deza, responsável pelo caso de Julieta (Camila Plaate) —, o longa é inspirado no livro “Somos Belén”, de Ana Correa. Fonzi expressou ao Metrópoles sua satisfação com a possibilidade de o filme alcançar um público maior através da visibilidade do Oscar. “Estou muito feliz que, sobretudo, representar a Argentina no Oscar fará com que mais gente tenha interesse em ver Belén. Então o filme chegará a mais pessoas, e isso é o mais importante: esse tema, essa história, chegar a mais pessoas”, avaliou a diretora.
Dolores Fonzi espera que “Belén” inspire movimentos por direitos das mulheres em toda a América Latina, onde o aborto ainda é ilegal em muitos lugares. O caso retratado, que ocorreu entre 2014 e 2017, foi um marco histórico para a legalização do aborto na Argentina, concretizada no final de 2020. “Nesse filme, a gente compreende que a força e a união das mulheres podem mudar as coisas”, afirmou Fonzi.
O filme será lançado no Brasil pelo Prime Video, mas a data de estreia ainda não foi definida.
A História Real de Belén: Em 2014, uma jovem argentina, conhecida como Belén, buscou ajuda em um hospital público devido a fortes dores e hemorragia vaginal. Apesar do diagnóstico inicial de aborto espontâneo, ela foi acusada de ter feito um aborto ilegal e de ter descartado o feto no banheiro do local. Em vez de ser julgada por aborto ilegal, Belén foi acusada de homicídio agravado pelo vínculo. A Câmara Penal alegou que um feto de 32 semanas encontrado no banheiro era dela, mesmo sem a possibilidade de um exame de DNA devido ao avançado estado de decomposição.
Belén foi inicialmente condenada a oito anos de prisão e passou mais de dois anos detida. O caso gerou uma grande mobilização social que contribuiu para sua liberdade provisória. Em março de 2017, a Corte Suprema provincial a absolveu da acusação.
A advogada Soledad Deza, que lutou pela liberdade de Belén, destacou na época que a vitória não era apenas para a jovem, mas para “todas as mulheres que não querem ser mães e que passam por um aborto de forma voluntária ou espontânea”, incentivando-as a procurar a saúde pública sem medo de serem presas.
Com informações de Metrópoles










