O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, João Paulo Garrido Pimentel, e o secretário de Segurança Pública do Estado, Vinícius Almeida, durante coletiva de imprensa em Manaus sobre a Operação Xeque-Mate, que desarticulou o núcleo financeiro da principal facção criminosa do estado

A Polícia Federal e a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) detalharam, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (6), os resultados da Operação Xeque-Mate, deflagrada para desarticular o principal núcleo de comando e o braço financeiro de uma organização criminosa com atuação no estado e conexões com o tráfico internacional de drogas.

O superintendente da PF no Amazonas, João Paulo Garrido Pimentel, informou que a operação, coordenada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO/AM), cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, cinco de busca e apreensão e determinou o sequestro judicial de R$ 122 milhões em bens. O objetivo, segundo ele, é “descapitalizar o crime organizado e prender suas lideranças”.

“O foco é atacar o que sustenta as facções: o dinheiro. A operação é fruto da cooperação entre PF, Polícia Civil, Militar, Rodoviária Federal e órgãos de inteligência. O alvo é o núcleo financeiro da principal facção do estado, responsável por lavagem de dinheiro por meio de fintechs e empresas de fachada”, explicou Garrido.

Fintech usada para lavar dinheiro e operar criptomoedas

Durante a coletiva, o superintendente revelou que o grupo criminoso operava uma fintech clandestina chamada “Carto”, usada para movimentar valores fora do sistema bancário tradicional e burlar as regras do Banco Central e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF).

“A fintech era um sistema paralelo, sem controle do Estado. Eles realizavam pagamentos e transações sem passar pelo Banco Central ou Receita Federal. Conseguimos identificar e interceptar esse fluxo ilegal, o que permitiu rastrear as operações e bloquear os valores”, afirmou Garrido.

O esquema também envolvia a conversão de recursos ilícitos em criptoativos, posteriormente enviados ao exterior, especialmente para a Colômbia, como forma de pagamento a fornecedores de drogas.

Relações internacionais e luxo ostentado

De acordo com a PF, um dos líderes da organização comandava o esquema da Colômbia, utilizando identidade falsa e emitindo ordens diretas para integrantes no Amazonas. Ele era dono de parte de um carregamento de duas toneladas de drogas apreendido em Manaus, em setembro de 2024.

Ainda segundo Garrido, membros do grupo realizaram cirurgias plásticas na Colômbia e exibiam vida de luxo com carros importados, artigos caros e viagens para destinos turísticos como San Andrés.

O superintendente confirmou que há investigados brasileiros e colombianos no inquérito e reforçou que parte da operação segue em andamento:

“Três das cinco prisões já foram realizadas. As equipes continuam em campo e ainda não podemos divulgar detalhes para não comprometer as diligências.”

Vinícius de Almeida: “Ataque ao coração financeiro do crime”

O secretário de Segurança Pública, Vinícius de Almeida, ressaltou que a Operação Xeque-Mate representa um golpe direto no setor mais sensível das facções — o financeiro — e é resultado da integração entre as forças de segurança estaduais e federais.

“Quando você desarticula o setor financeiro, você atinge o coração da organização criminosa. Essa operação mostra o poder da inteligência policial e da cooperação institucional. É o tipo de ação que traz reflexos diretos para a população, reduzindo homicídios e enfraquecendo o ecossistema do crime”, destacou Almeida.

Ele lembrou ainda que o trabalho conjunto entre as forças já garantiu recordes históricos de apreensão de drogas no estado.

“Só neste ano, já são quase 38 toneladas de drogas retiradas de circulação, e em 2024 tivemos a maior apreensão da história do Amazonas: 6,5 toneladas. Tudo isso é resultado dessa união, sem vaidade, entre nossas forças de segurança.”

Operação internacional e novos desdobramentos

A FICCO/AM, composta por PF, PRF, Polícia Civil, Polícia Militar, SEAI, SEAP e Secretaria Municipal de Segurança, contou com apoio de autoridades colombianas na investigação.

A operação é desdobramento das ações “Torre 1, 2, 3 e 4”, que miraram o Tribunal do Crime e lideranças de facções no Amazonas.

“Essa integração é o caminho. A FICCO tem dado resultados concretos no combate ao tráfico, à lavagem e às estruturas financeiras que alimentam o crime”, concluiu Garrido.

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