A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) disse que indígenas do povo Munduruku, do interior do Pará, estão com níveis preocupantes de mercúrio no corpo. Alguns índios tinham o dobro, ou o triplo do aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os pesquisadores da Fiocruz estão acompanhando de perto 80 crianças Munduruku para ter uma resposta científica. Neuropediatras da USP (Universidade de São Paulo) e de Harvard (EUA) analisam os casos. O mercúrio é usado por garimpeiros na purificação do ouro. O Rio das Tropas é uma das áreas mais atingidas pelo garimpo na cidade de Jacareacanga (PA). A Polícia Federal recebeu 320 alertas de garimpos na terra indígena no ano passado. O povo Munduruku é o mais populoso do Pará, com mais de 9,2 mil pessoas.
Um dos coordenadores da pesquisa da Fiocruz, o epidemiologista Paulo Basta afirmou que, por causa dos altos níveis de mercúrio no corpo, as crianças podem “nascer com deformidades, com má formação congênita, com diferentes anomalias, pode apresentar paralisia cerebral”. Os relatos foram publicados neste sábado (3) pelo Jornal Nacional.
“Garimpo traz a poluição, a destruição. E vem adoecendo os peixes, adoecendo a gente, trazendo malária, trazendo violência, traz tudo né?”.
“O rio não é o mesmo, você já não consegue mais enxergar os peixes que estão lá no fundo”, disse Jairo Saw Munduruku, cacique. “A gente começou a notar assim, alguns sintomas de criança, com dificuldade de se movimentar, mobilidade, então, algumas doenças que vinham apresentando e a gente não sabia o que era”.
Em nota, o Ministério da Saúde disse que o Distrito Sanitário Especial Indígena Rio Tapajós afirmou que tem implementado ações de monitoramento para acompanhar pacientes que apresentam altos teores de contaminação por mercúrio.