
Um fiscal comunitário que atua na Reserva Estadual de Desenvolvimento Sustentável de Amanã, no município de Maraã (a 634 quilômetros de Manaus), foi baleado na noite da última quarta-feira (21) durante uma ação de monitoramento contra invasores da área. O crime ocorreu na região do Acordo de Pesca Pantaleão, conhecida pelo manejo sustentável de pirarucu.
Segundo testemunhas, os comunitários realizavam uma ronda de rotina quando foram surpreendidos por pescadores ilegais. Após a ordem para desligar o motor da embarcação, os invasores reagiram com tiros, atingindo um dos fiscais. A vítima foi levada inicialmente para Alvarães e, em seguida, transferida para Tefé, onde passou por cirurgia. O jovem permanece internado em UTI, mas seu estado de saúde é considerado estável.
Ameaças constantes e abandono
Moradores e fiscais que atuam na proteção da reserva afirmam que vivem sob ameaça constante de grupos ligados à pesca predatória. Eles denunciam a falta de apoio das autoridades em ações de fiscalização, o que aumenta o risco para quem se dedica à defesa da floresta.
“Estamos há muito tempo ameaçados. Sem presença do poder público, nossa vida fica em risco”, disse um comunitário da região.
Escalada da violência ambiental
O episódio soma-se a uma lista de ataques contra defensores da Amazônia, como o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, em 2022, no Vale do Javari. Casos como esses reacendem a memória de crimes históricos, a exemplo dos assassinatos de Dorothy Stang e Chico Mendes.
Organizações socioambientais alertam que a ausência do Estado em áreas remotas facilita a atuação de criminosos ligados ao tráfico de drogas, grilagem, pesca e garimpo ilegais.
Investigações e resposta do Ibama
O caso foi registrado em boletim de ocorrência e será investigado pelas autoridades competentes. Há suspeita de envolvimento de piratas dos rios e garimpeiros ilegais que atuam nas proximidades.
O superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo, afirmou que acionou a polícia e outros órgãos ambientais para conter a violência e proteger o manejo sustentável de pirarucu.
“Não vamos aceitar que criminosos comprometam nossos projetos. Todos os envolvidos precisam combater a pesca ilegal em nome da proteção da vida das pessoas que vivem do manejo autorizado”, declarou.
O órgão destacou ainda que a violência é alimentada pelo mercado do pescado ilegal nas cidades do Amazonas, inclusive em Manaus, e orienta a população a não comprar peixes de origem predatória, pois essa prática fortalece o crime e coloca em risco comunidades tradicionais.










