
Já é sabido que a raiz redonda, de cor vermelho-púrpura, esbanja nutrientes que favorecem as artérias, agora um trabalho brasileiro chega para atestar os benefícios da folhagem da beterraba. O artigo, publicado no periódico científico Food Research International, aponta capacidade antioxidante e potenciais efeitos contra tumores intestinais.
“Observamos uma diminuição na proliferação de células de câncer colorretal, cultivadas em laboratório, após simulação do processo digestivo”, conta o nutricionista e primeiro autor do estudo Luís Gustavo Sabóia Ponte, do Laboratório Multidisciplinar em Alimentos e Saúde, da Faculdade de Ciências Aplicadas, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
As folhas de beterraba foram testadas em um aparelho que imita a digestão. “O sistema reproduz diferentes etapas digestivas, utilizando enzimas específicas, fluidos gastrointestinais, com variações de pH, movimentos peristálticos e mantendo a temperatura constante em 37 °C”, explica o pesquisador.
Ficou comprovado in vitro (em ambiente de laboratório), que algumas substâncias vindas do vegetal atuam na proteção contra o câncer intestinal. O destaque vai para a vitexina e a apigenina, dupla de polifenóis – classe de compostos bioativos que coleciona evidências sobre atividades antioxidantes e anti-inflamatórias.
Outros trabalhos, inclusive um ensaio clínico preliminar conduzido pelo mesmo grupo da Unicamp, mostraram impactos positivos na saúde cardiovascular, pelo equilíbrio dos níveis de colesterol.
Riqueza que pode ir para o lixo
Além desses fitoquímicos, a folhagem contém sais minerais como o potássio e o magnésio, que também teriam efeitos cardioprotetores. Somam-se ainda as vitaminas A e C, que contribuem para a imunidade e as fibras, aliadas do intestino.
Mas, toda essa riqueza, geralmente, é descartada. Daí a importância de incentivar o aproveitamento integral do alimento. “Essas partes não convencionais dos vegetais, muitas vezes, podem ser até mais ricas se comparadas ao que é comumente utilizado”, comenta a nutricionista Fabiana Fiuza Teixeira, da Gerência de Bem-estar e Saúde Mental, do Einstein Hospital Israelita.
Não bastasse acrescentar nutrientes e sabores ao cardápio, o uso de talos, folhas e sementes ajuda a combater o desperdício. “Incluí-los no dia a dia colabora com a nossa saúde a com a do planeta”, opina a nutricionista.
Com informações de Metrópoles










