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O fóssil de um Tarbosaurus bataar, um parente próximo do Tiranossauro, que havia sido extraído ilegalmente do deserto de Gobi, na Ásia, foi oficialmente entregue às autoridades da Mongólia nesta segunda-feira (8/12) pela França. Com aproximadamente 70 milhões de anos, o espécime foi repatriado junto com cerca de 30 outras peças paleontológicas, incluindo ovos de dinossauro, todas apreendidas em 2015 pela alfândega francesa no Havre.

O espécime de Tarbosaurus, um dos maiores carnívoros terrestres que podia atingir até 13 metros de comprimento, apresenta um crânio imenso e uma pata com três dedos. Segundo Ronan Allain, paleontólogo e professor do Museu Nacional de História Natural, os fósseis “vinham para a França provavelmente para serem preparados e montados”. Ele destacou que “há uma parte do esqueleto que ainda estava em sua carcaça de gesso, feita no campo para poder retirar os espécimes sem quebrá-los”.

À época da apreensão, o valor indicativo do esqueleto girava em torno de € 700 mil. No entanto, o paleontólogo estima que, após a preparação e montagem, o valor pode ser “multiplicado por três ou quatro”. Esqueletos completos podem ser vendidos por vários milhões de euros.

Contrabando e Tesouro Paleontológico Recuperado

Além do Tarbosaurus, a alfândega francesa apreendeu nove caixas contendo ovos da ave pré-histórica Oviraptor, encontrados quase intactos. O conjunto do tesouro paleontológico inclui ainda falanges, metacarpos, dentes, vértebras, fêmures, garras e outros dois esqueletos completos.

Undram Chinbat, ministra da Cultura, dos Esportes, do Turismo e da Juventude da Mongólia, expressou seu orgulho e gratidão: “É muito importante ver retornarem ao nosso país esses fósseis de dinossauros, é nosso patrimônio cultural”. As peças retornarão à Mongólia antes do fim do ano para serem expostas no “Museu de Ciências Naturais que abrirá no próximo ano”.

Rede Internacional de Tráfico Descoberta

A Mongólia tem sido vítima de saques de seus tesouros paleontológicos há um século, intensificando-se nos últimos anos com a crescente cobiça de colecionadores particulares, alimentando redes de tráfico ilegal. O Tarbosaurus, portanto, retorna ao seu local de origem, onde poderá ser devidamente estudado por cientistas.

A recuperação do material, que havia transitado pela Coreia do Sul, foi resultado de uma longa investigação conduzida pelo serviço de inteligência da Alfândega (DNRED) e pela Agência Nacional Anti-Fraude (ONAF) da França. As buscas revelaram uma empresa no centro da França que operava como um “museu de fósseis”, com peças não apenas da Mongólia, mas também do Brasil, Madagascar, China, Líbano, Itália e Turquia, e até mesmo do próprio Museu Nacional de História Natural francês.

Um investigador do ONAF revelou a existência de uma rede de contrabando internacional de fósseis, com “mandantes no exterior e intermediários que revendiam os espécimes preparados pela empresa na França a pessoas muito ricas”. No caso dos bens restituídos à Mongólia, o mandante era de origem alemã.

Sébastien Tiran, diretor da DNRED, alertou sobre os perfis envolvidos no tráfico: “muitas pessoas são devoradas pela paixão e acabam se deixando levar, praticando atividades de saque ou contribuindo ao comprar fora dos circuitos legais”. Em 2024, os serviços alfandegários franceses realizaram 60 apreensões que resultaram na recuperação de 22.125 bens culturais, incluindo 104 fósseis. Estima-se que dois a três esqueletos de dinossauros são vendidos anualmente, como o T-Rex leiloado nos Estados Unidos em 2020 por quase US$ 32 milhões.

Com informações de Metrópoles

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