O servidor da Funai, Áureo César de Oliveira, foi afastado pela fundação da terra indígena Tenharim porque concedeu entrevistas à imprensa e autorizou a entrada de jornalistas na área onde desaparecem há 25 dias os três homens sem etnia. Suspeita-se que os índios tenham sequestrado e matado os três homens em decorrência das ilações de própria Funai sobre o suposto assassinato de um cacique da tribo. O local é um dos focos das investigações da Polícia Federal.

Lotado na Coordenação Regional de Porto Velho, em Rondônia, Áureo César de Oliveira era o único funcionário não-índio que permanecia na reserva dos tenharim. Experiente em situações como esta, Áureo foi designado pelo órgão para entrar na aldeia após o início dos conflitos, no dia 25 de dezembro de 2013.

O funcionário afastado, afirmou que os jornalistas entraram na aldeia Marmelos na última segunda-feira (06), quando uma comitiva, formada pelo Comando Militar da Amazônia (CMA), Eduardo Dias da Costa Villas-Boas, visitou a comunidade para uma reunião com os indígenas. “Sou acostumado a fazer esse tipo de trabalho e tenho uma ficha exemplar. Nunca fui chamado atenção ou despedido de uma missão. Estou muito chateado. O pessoal de Brasília me ligou dizendo que não era para eu ter dado entrevista. E que era para eu ter impedido a entrada dos jornalistas na aldeia”, afirmou o servidor da Funai.

O funcionário afirmou que foi indicado para atuar junto aos tenharim quando estava se preparando para entrar de férias. “Recebi uma ligação e me mandaram cancelar minhas férias. O que eu fiz. Vim para cá e conversei com os indígenas, que estavam muito alterados. Estou aqui dormindo com os índios, passando fome, pegando chuva, sofrendo com eles”, disse o servidor.

Áureo de Oliveira deixou a terra indígena Tenharim no final da manhã de ontem.

A pergunta que fica é: Por que a Funai quer limitar o acesso da imprensa às investigações sobre os três homens sem etnia desaparecidos na Terra Indígena Tenharim?

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