A crença na Utopia Vermelha, decantada a cada momento da apresentação, foi a temática abordada pelo Boi Garantido na terceira e última noite de disputa no 55º Festival Folclórico de Parintins. O espetáculo marcou a despedida do levantador de toadas, Sebastião Jr, com alta performance e muita entrega no item 02 que deu sustentação rítmica para estremecer a galera na arena do Bumbódromo com momentos épicos ao som de “Legião Vermelha, “Coração de Batuqueiro” e “Coração de Torcedor”.
 
Na Noite C, o boi do coração apostou na narrativa de “fazer revolução com paixão, arte e criatividade”, na defesa de uma sociedade mais inclusiva, plural, para que a vida e a liberdade sejam os bens mais importantes. O Garantido levou para a arena do Bumbódromo a resistência cultural de Lindolfo Monteverde, criador do boi, em uma comunidade nos alagados de Parintins, a baixa de São José, comparada aos princípios do educador Paulo Freire. O item Toada, Letra e Música concorreu com “Vermelho”, do poeta Chico da Silva.


 
“O Viajante dos Rios da Amazônia” aportou a cenografia da Figura Típica Regional, do artista Júnior Feijó, para retratar os barcos de recreio nas águas do Amazonas. Um dos destaques foi uma embarcação com homenagem ao ex-apresentador, Paulinho Faria, vítima da Covid-19. A Celebração Folclórica “O Mamulengo do Folclore Parintinense” encenou o Auto do Boi em forma popular do teatro de bonecos, com a figura central de Alexandrina Monteverde, Dona Xanda, mãe do fundador do Garantido.
 
O Garantido estendeu uma faixa no centro da arena com pedido de justiça pelos assassinatos do jornalista Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira ocorridos no Vale do Javari, após serem dados como desaparecidos na comunidade São Rafael, no município de Atalaia do Norte, no Alto Solimões, no Dia Mundial do Meio Ambiente, 05 de junho. As tribos dançaram Pátria Indígena (Mãos Vermelhas) na voz de Sebastião Jr, com interação de toda a arena, ao comando do apresentador Israel Paulain.


              
Na Lenda Amazônica, um painel com as pinturas de Dom e Bruno descortinou para a chegada de “Teperecique, Senhor das Águas”, criatura ancestral do imaginário Yanomami, híbrida homem-peixe, despertada pelas atividades garimpeiras em terras indígenas, com a aparição da Cunhã-Poranga, Isabelle Nogueira. No Ritual Indígena Tenharim, o pajé fez uma viagem transcendental ao mundo dos espíritos em busca de ensinamentos, em iniciação e nominação xamânica, cujo o objetivo é expulsar o mal e salvar a cunhã da aldeia.

Artigo anteriorPiloto de motocross morre durante evento em Mato Grosso
Próximo artigoUrina preta: Pará investiga uma morte e mais 3 casos após consumo de peixe