Às vésperas do decisivo julgamento no Tribunal de Contas da União (TCU), o governo Dilma Rousseff decidiu tentar sua última tacada para evitar o risco de rejeição do balanço de 2014 pela corte: vai pedir a suspensão do processo num ataque direto ao ministro-relator, Augusto Nardes. A estratégia foi anunciada ontem (4), em entrevista coletiva concedida pelos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Luis Inácio Adams (Advocacia-Geral da União) e Nelson Barbosa (Planejamento).

O argumento do Palácio do Planalto é que Nardes já deu declarações antecipando seu voto pela reprovação das contas. A oposição e até mesmo setores da base aliada de Dilma dão como certa a reprovação das contas para deflagrar o processo de impeachment de Dilma no Congresso.

O pedido do governo deve ser enviado nesta segunda-feira à corte de contas sob a alegação de "vício" no processo. O governo se baseia na legislação que veda aos magistrados manifestar opinião sobre processos ainda não julgados.

A ideia é adiar o julgamento das contas, agendado para quarta-feira. "Se apontamos a suspeição, não pode ter o julgamento sem analisar essa suspeição antes de julgar o mérito", disse o ministro José Eduardo Cardozo.

"É vedado ao magistrado se manifestar por qualquer meio de comunicação sobre processo em curso. O que percebemos é que essas manifestações reiteradas constrangem todo o restante do tribunal. O problema está na condução e dirigismo", disse Adams. Segundo ele, Nardes deve ser substituído da relatoria. "O processo precisa ser saneado. Sanear é reconhecer o vício e substituir o relator", completou.

(Com Estadão Conteúdo)

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