Instituto de Criminalística

Um helicóptero usado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para transportar cocaína, apreendido em 2018, foi avaliado em U$ 2 milhões – equivalente à R$ 7.256.000, em cotação da época. Quando foi encontrada em um hangar em Arujá, na região metropolitana de São Paulo, a aeronave estava repleta de resquícios da droga.

Imagens capturadas pelo Instituto de Criminalística da Polícia Técnico-Científica mostram o interior do helicóptero, que pertencia a Fabio Pinheiro de Andrade Avani, de 49 anos. Ele foi preso na última segunda-feira (17/11), no bairro Parque São Bento, em Sorocaba, no interior paulista

Helicóptero usado para transporte de cocaína

Em denúncia apresentada à Justiça em 14 de maio de 2018, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) apontou que Avani era proprietário da aeronave desde dezembro de 2017, e que ela era “rotineiramente utilizada no tráfico de drogas”.

A promotoria destacou que Avani não possuía rendimentos suficientes para justificar a propriedade do helicóptero, avaliado em mais de dois milhões de dólares, ou mais de sete milhões de reais. Além da aeronave, ele era proprietário de 13 veículos, alguns deles importados.

Além disso, segundo o MPSP, o helicóptero havia sido usado para o transporte de cocaína pouco antes da apreensão.

“Havia resquícios de pó esbranquiçado por todo o seu interior (cuja perícia constatou tratar-se de cocaína), além de estarem ausentes os estofamentos dos quatro bancos traseiros, o que indicava que enorme quantidade de entorpecente fora acondicionada naquele local”, afirma a denúncia.

Nos dias anteriores à apreensão, ocorrida no final de abril de 2018, o helicóptero teria voado por mais de 56 horas sem qualquer registro ou comunicação necessária.

Dentro da aeronave foram encontrados dois galões de combustível e uma bomba hidráulica acoplada a uma mangueira, o que garantia maior autonomia de voo e a inexistência de qualquer registro dos locais por onde teria passado.

Helicóptero emprestado a Gegê do Mangue

De acordo com a Polícia Civil, o helicóptero de Avani foi usado pela quadrilha de Rogério Jeremias de Simone, conhecido como Gegê do Mangue e apontado como maior liderança do PCC solta até ser morto em fevereiro de 2018, na região metropolitana de Fortaleza, no Ceará.

A polícia passou a mirar Avani em abril daquele ano, após três mexicanos, um colombiano e um brasileiro serem presos em flagrante com mais de 90 kg de cocaína em uma casa em Vargem Grande Paulista, na região metropolitana de São Paulo.

A investigação revelou que o helicóptero de propriedade de Avani era deixado em diferentes hangares, principalmente em Arujá, também na região metropolitana.

Dois homens foram apontados como pilotos da aeronave: Rogério Almeida Antunes e Luís Paulo Mattar Pereira, que foram presos e depois condenados, em primeira instância, a 10 anos e oito meses de prisão.

Dono da aeronave é preso

A promotoria apontou que Avani participava ativamente das ações ilícitas promovidas pelo PCC, e que não há nenhum registro de que ele tenha usado a aeronave para qualquer atividade lícita desde a aquisição.

Além de ser dono do helicóptero, ele gerenciava o transporte de drogas e acompanhava a distribuição de cocaína em vários estados do Brasil, apontou a investigação. Por isso, o MPSP falou em “fortes indícios de que Fabio tem na organização criminosa seu meio de vida”.

Na época da investigação ele já possuía antecedentes criminais e não foi localizado para prestar esclarecimentos sobre o helicóptero. Avani foi denunciado pelo MPSP, que pediu pela prisão preventiva, em maio de 2018.

O processo transitou em julgado em agosto do ano passado, com uma condenação, em segunda instância, de oito anos e 10 meses de prisão por tráfico de drogas e organização criminosa.

Ele passou pouco mais de um ano foragido até ser preso na última segunda-feira em um condomínio de luxo em Sorocaba, no interior de São Paulo. Com ele, foram apreendidos três aparelhos celulares, que foram encaminhados à Polícia Civil para perícia.

“Foram feitos os trâmites legais, o cumprimento do mandado de prisão, e ele foi encaminhado para realizar o seu cumprimento de pena”, informou a advogada Danielli del Cistia, que representa o acusado.

Avani passou por audiência de custódia na última terça-feira (18/11) e, em seguida, foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) Sorocaba, onde permaneceu à disposição da Justiça.

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