
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), comunicou a líderes partidários nesta terça-feira (16) que pretende levar ao plenário o pedido de urgência para o projeto que concede anistia aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro. Segundo parlamentares ouvidos pela Folha de S. Paulo, a votação da urgência — que não trata do mérito do texto, mas acelera sua tramitação — deve ocorrer já nesta quarta-feira (17), logo após a análise da chamada PEC da Blindagem. A proposta impede investigações contra deputados e senadores sem autorização do Congresso.
A movimentação de Motta acendeu o alerta no Palácio do Planalto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi informado da decisão durante encontro com o deputado e reiterou ser contrário à anistia. Segundo relatos, o governo avalia que a pauta atende apenas a interesses políticos específicos e não representa prioridade nacional.
Pressão política e busca por meio-termo
De acordo com interlocutores, Motta tem sido pressionado por deputados bolsonaristas e por lideranças como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o senador Ciro Nogueira (PP-PI). O deputado, porém, tem sinalizado não defender uma anistia ampla e irrestrita, mas sim uma alternativa intermediária que evite embates mais radicais.
A pressão cresceu após a recente condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal, fato que fortaleceu setores da oposição a cobrar o avanço da proposta.
Estratégia do Planalto para barrar a urgência
Diante da possibilidade de derrota em plenário, ministros da ala política do governo se reúnem nesta terça para alinhar a reação. Entre as medidas discutidas estão:
- Mobilização das bancadas governistas para votar contra a urgência;
- Licença de ministros com mandato de deputado, permitindo que retornem à Câmara apenas para a votação;
- Orientação para que parlamentares ausentes enfraqueçam o quórum necessário;
- Revisão de indicações para cargos federais de quem apoiar a proposta;
- Controle na liberação de emendas parlamentares como forma de pressão.
Segundo fontes do Planalto, a prioridade é impedir que o tema avance, utilizando todos os instrumentos políticos disponíveis.
PEC da Blindagem como peça de negociação
Na noite de segunda-feira (15), Hugo Motta alterou a relatoria da PEC da Blindagem, substituindo Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) por Cláudio Cajado (PP-BA). O gesto é visto como tentativa de construir um ambiente de maior conciliação no plenário, já que a aprovação da PEC poderia aliviar as tensões em torno da anistia.










