
O município de Apuí, no sul do Amazonas, voltou ao centro das atenções ambientais após uma megaoperação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) contra o desmatamento ilegal. A ação, realizada ao longo do mês de junho, resultou na aplicação de R$ 173 milhões em multas e na emissão de 87 autos de infração contra 46 pessoas por crimes como destruição da floresta, invasão e grilagem de terras públicas, e descumprimento de embargos.
As informações foram reveladas em reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, que destaca ainda que o município foi o campeão nacional de desmatamento nos últimos 12 meses, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No período, foram suprimidos cerca de 19 mil hectares de floresta, área equivalente a 26 mil campos de futebol.

De acordo com o Ibama, foram embargados aproximadamente 28 mil hectares, com ordem para a retirada de rebanhos criados ilegalmente nessas áreas. Parte do desmatamento ocorreu inclusive dentro de áreas de preservação ambiental e de assentamentos da reforma agrária.
O órgão ambiental identificou também a atuação de grandes desmatadores que, de forma irregular, estariam adquirindo diversos lotes no assentamento rural do Projeto de Assentamento (PA) Jumá — o maior da América Latina — para formar propriedades extensas, contrariando os objetivos da política de reforma agrária. “As equipes de fiscalização constataram que grandes desmatadores vêm adquirindo diversos lotes de assentados com o objetivo de concentrar terras e formar grandes propriedades, em desvio claro da finalidade do programa de assentamento”, informou o Ibama.

Embora a ação tenha sido alvo de críticas por parte de prefeitos da região, que chegaram a pedir uma moratória das operações durante reunião na Casa Civil, o Ministério do Meio Ambiente rejeitou a proposta e prometeu uma resposta formal. Ainda segundo a reportagem, não houve penalização de pequenos produtores, mas sim de grandes grileiros e infratores ambientais que lucram com a devastação da floresta.
A operação faz parte da estratégia do Ibama de usar imagens de satélite e geoprocessamento para identificar os maiores responsáveis pela destruição da Amazônia e intensificar a repressão a crimes ambientais. A força-tarefa segue em andamento, sem data para ser concluída, diante do avanço do desmatamento na região.







