
Técnicos dedicados à compreensão do modo de vida, comportamento, características físicas, postura e costumes dos povos isolados no Brasil ainda têm muito a desvendar, apesar dos avanços alcançados ao longo de décadas de persistentes estudos.
O maior desafio, entretanto, conforme reportagem da BBC News Brasil, de autoria de Margarita Rodríguez, publicada no dia 7 deste mês, sobre o povo indígena Massaco, que vive no Estado de Rondônia, perto da fronteira com a Bolívia, é entender todo o contexto histórico e a dinâmica de ocupação desses povos antes da demarcação de seus territórios.
Garantir a autodeterminação e a autonomia dos povos isolados, sem a necessidade de promover o contato e sem qualquer interferência em seus modos de vida, é outra premissa do estudo destacado pela reportagem da CNN Brasil.
Assim, através do conhecimento adquirido ao longo de décadas, e do emprego de câmeras e satélites, esses estudiosos chegaram aos Massaco, obtendo informações que permitiram entender que eles desenvolvem uma gestão dos recursos naturais, delimitando seu território de ocupação dentro de um sistema nômade e que as habitações são típicas de povos caçadores-coletores.
Quanto ao universo populacional, as informações não são conclusivas. A estimativa calculada no início da década de 1990 seria de 100 a 200 pessoas, que ocupam todo o território de 421 mil hectares.
“As doenças e a miséria resultantes do contato pacífico eram catastróficas para os povos isolados, e estabeleceram a atual política de não contato da instituição”.
As novas imagens obtidas em 2024, capturadas com uma câmera instalada na região desde janeiro de 2021, mostram que os indígenas – um grupo de nove pessoas, todos homens, com idade estimada entre 20 e 40 anos – se aproximam e pegam alguns machados e facões que a equipe da Funai havia deixado em uma trilha em 2021.
As imagens, mostram, também, que antes de deixarem a área, os indígenas montam “armadilhas cortantes” feitas com lascas de madeira com uma extremidade pontiaguda.
De acordo com a reportagem, as redes usadas pelos Mossaco (ver foto) podem medir até 2 metros de comprimento e que o comprimento das flechas fotografadas nos acampamentos abandonados, é de mais de 3 metros.

“Sabemos que eles matam muitos animais: macacos, queixadas, antas, veados, entre outros, que não são fáceis de matar de outra maneira.”
Segundo Janete Carvalho, diretora de Proteção Territorial da Fundação Nacional do Índio (Funai), os Massaco são um dos 28 povos isolados do Brasil e o primeiro território indígena demarcado exclusivamente para povos isolados.
Atualmente não há “nenhuma ameaça latente no território” onde está localizada a comunidade de Massaco, “como exploração madeireira e outras atividades ilegais”.
O objetivo de deixar ferramentas de metal, como facões e machados, é facilitar as atividades de caça e coleta de alimentos, para que comunidades como esta, não precisem deixar seu território em busca de objetos semelhantes.
“Esta prática, usada em outros territórios indígenas, dissuade povos isolados de irem às fazendas ou acampamentos de madeireiros para adquirir ferramentas”, comenta Janete Carvalho.
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