A indefinição em torno da BR-319, rodovia que liga o Amazonas a Rondônia e ao restante do país, voltou a preocupar empresários da indústria de alimentação do estado. O veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à emenda que dispensava o licenciamento ambiental em trechos já trafegáveis reacendeu o debate sobre os impactos do isolamento logístico na economia regional.

A emenda vetada foi apresentada pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM) no novo projeto de licenciamento ambiental, mas acabou barrada pelo Palácio do Planalto. Agora, a bancada amazonense tenta articular no Congresso a derrubada da decisão.

Setor cobra competitividade

Para o economista Pedro Monteiro, presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentação de Manaus (SIAM), o impasse coloca o Amazonas em desvantagem no cenário econômico nacional. Segundo ele, a conclusão da BR-319 é fundamental para garantir competitividade às empresas locais.

“Seguimos esperando uma solução que possa tirar o Amazonas do isolamento e promover o desenvolvimento que a gente tanto precisa. O setor produtivo não pode mais arcar com custos logísticos tão altos. Isso encarece o produto, reduz a margem de lucro e trava o crescimento das empresas”, afirmou Monteiro, que também é proprietário da fábrica de produtos alimentícios Virrosas, com mais de 100 anos de existência em Manaus.

Custos logísticos pesam na produção

Enquanto outros estados contam com diversas opções para transporte, o Amazonas depende quase exclusivamente dos modais fluvial e aéreo, ambos caros e vulneráveis a fatores climáticos e operacionais. A situação afeta diretamente o setor de alimentação, considerado estratégico para o abastecimento da população.

O transporte de insumos vindos do Sul e Sudeste, por exemplo, pode levar semanas e exigir operações logísticas complexas. “Nossa indústria é penalizada por um isolamento histórico. A BR-319 pode ser o ponto de virada. Estamos falando de uma rodovia que já existe, que é usada, mas que precisa de melhorias estruturais para funcionar com segurança e regularidade o ano inteiro”, acrescentou Monteiro.

Expectativa sobre o Congresso

A indústria de alimentação responde por uma fatia importante da economia local, atuando desde o processamento de produtos regionais até o fornecimento para a Zona Franca de Manaus e outros estados. Para o setor, o avanço das obras da BR-319 reduziria custos, ampliaria mercados e traria previsibilidade às empresas.

Monteiro reforça que a posição do sindicato é técnica, mas busca equilíbrio entre desenvolvimento e preservação. “Somos favoráveis a um modelo que respeite o meio ambiente, mas que também entenda as particularidades da nossa região. Não dá para tratar o Amazonas como se ele estivesse nas mesmas condições logísticas do Sudeste”, concluiu.

A expectativa agora recai sobre o Congresso Nacional, onde parlamentares do Amazonas articulam apoio para tentar derrubar o veto presidencial e viabilizar a retomada das obras da rodovia.

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