O Sindicato dos Servidores Públicos Federais (Sindsep-AM) informou nesta terça-feira, 28, que a falta de profissionais de nível médio tem reduzido a capacidade de funcionamento do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

De acordo com Sindsep-AM, o Inpa perdeu metade (52%) dos seus profissionais de nível médio, caindo de 485 para os atuais 231.

Outra preocupação do sindicato é com o elevado índice de aposentadoria – 25,40% dos técnicos com cargo de nível médio podem se aposentar, além dos assistentes de ciência e tecnologia, outro cargo de nível médio, com 38% já aptos a se aposentar.

Segundo o Sindsep-AM, o Inpa calcula que há um déficit de pelo menos 517 vagas para nível médio, embora não haja anúncio de certame para essas funções.

Mês passado, o governo anunciou concurso com 63 vagas de pesquisadores e tecnologistas para o Inpa, todos cargos de nível superior.

Risco de paralisação de pesquisas

A ausência de cargos de nível médio gerou mobilização no Sindsep-AM e no Fórum de C&T, que enviou carta à ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, pedindo intercessão junto ao Ministério de Gestão e Inovação (MGI) pela realização de concursos, também, para cargos de nível intermediário.

“Passamos por um processo de decadência e falta de força de trabalho no setor de C&T que durou pelo menos dez anos. O Inpa é uma instituição muito importante nesse cenário, o principal órgão de pesquisa na Amazônia. Posso dizer que no início da década de 90, o Inpa tinha um corpo funcional de cerca de 1,2 mil pessoas. Hoje, somos pouco mais de 400”, afirma o secretário de administração do Sindsep-AM, Jorge Lobato, que é servidor de carreira no Inpa e também representante da categoria no Fórum de C&T.

A carta enviada à ministra da pasta, cita o risco de paralisação de pesquisas importantes não apenas no Inpa, mas em outros órgãos do sistema de C&T do país, considerando que o governo anunciou concursos para outras instituições públicas do setor, porém, sem vagas de nível médio. “Mais grave é a total falta de resposta, até o momento, do governo, em particular do MGI, de nosso pedido de urgência para concursos de técnicos e assistentes que, caso não ocorram, acarretarão na interrupção e mesmo a perda de pesquisas realizadas em diferentes campos do conhecimento”, diz trecho do documento.

Malária

A dificuldade se reflete, por exemplo, para a pesquisadora do laboratório de malária e dengue, Rosemary Aparecida Roque, que enfrenta problemas diários na rotina das pesquisas por causa da ausência de técnicos.

Até 2019, antes da pandemia, o laboratório possuía seis profissionais técnicos. Hoje, são apenas dois, com um já apto a se aposentar. “O técnico não é só a pessoa que dirige um transporte e leva as pessoas até a atividade. Ele também executa aquele serviço, algo que muitas vezes requer treinamento, e de longo período, uma vivência. São eles, inclusive, que orientam estudantes do Inpa, em muitos casos”, afirma a pesquisadora.

Titular do laboratório de química ambiental, o pesquisador Sávio Ferreira ressalta que o Inpa vem perdendo técnicos especializados em uma série de estudos, e até máquinas específicas do instituto. “Temos uma série de equipamentos onerosos, de grande capacidade, e que estão sem uso por falta de pessoal para colocá-los em funcionamento”, diz.

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