O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) apresentou, na última segunda-feira (23), o Plano de Ações Integradas do Patrimônio Arqueológico do Amazonas, com foco na proteção dos sítios arqueológicos do estado durante o período de seca dos rios e diante das mudanças climáticas. O evento ocorreu na sede do Instituto Soka Amazônia, localizado próximo ao sítio arqueológico Ponta das Lajes, e teve como objetivo promover a conservação e segurança do patrimônio cultural e natural da região.

A superintendente do Iphan no Amazonas, Beatriz Calheiro, destacou a importância do plano como uma medida preventiva para garantir a proteção desses espaços. “Nosso apelo é que as pessoas não deixem lixo no local, pois se trata da nossa identidade, nossa história e de um espaço sagrado para os povos indígenas e que precisa ser respeitado”, afirmou.

Redescoberta dos petróglifos nas secas extremas

Um dos marcos arqueológicos mais emblemáticos da região, as famosas “caretinhas” talhadas em pedras no sítio Ponta das Lajes, voltaram a ser visíveis devido à seca extrema dos rios. Este é o terceiro reaparecimento dos petróglifos, com eventos similares registrados em 2010 e no ano passado. Esses vestígios, que datam de mil a dois mil anos atrás, incluem representações humanas e cenas da vida cotidiana de civilizações antigas.

O vice-presidente do Instituto Soka Amazônia, Milton Fujiyoshi, alertou para os desafios das mudanças climáticas e a necessidade de uma resposta integrada da sociedade para proteger o patrimônio da Amazônia. “Estamos sempre dispostos a colaborar com essa proteção”, declarou.

Plano de Ações Integradas

O plano elaborado pelo Iphan divide-se em quatro eixos fundamentais:

  1. Mobilização: Mapeamento de agentes do poder público e da sociedade civil para construção colaborativa do plano.
  2. Conservação e Vigilância: Estabelecimento de rotinas de monitoramento para proteção dos sítios.
  3. Produção e Divulgação do Conhecimento: Compartilhamento de informações e orientações sobre os sítios arqueológicos, promovendo pesquisas no local.
  4. Socialização: Envolvimento das comunidades locais e povos indígenas no processo de preservação.

Beatriz Calheiro também lembrou que todos os bens arqueológicos são de propriedade da União, sendo proibido qualquer aproveitamento econômico ou destruição dos artefatos. Para pesquisas arqueológicas, é necessário submeter previamente um projeto ao Iphan para aprovação.

Sítio Ponta das Lajes: um tesouro do Amazonas

O sítio Ponta das Lajes, com mais de mil anos de história, é famoso por suas gravuras rupestres que representam rostos humanos, conhecidas popularmente como “caretas”. Além das gravuras, o sítio também abriga vestígios de oficinas líticas, onde povos indígenas confeccionavam ferramentas, como machadinhas.

Segundo o arqueólogo do Iphan, Marco Túlio Amaral, essas gravuras de rostos humanos são um fenômeno exclusivo do estado do Amazonas, com registros em Ponta das Lajes, Itacoatiara e Itapiranga.

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