No dia em que completa 17 anos de existência, o presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Assembleia Legislativa do Estado (Aleam), deputado José Ricardo Wendling (PT), realizou na última sexta-feira (25) mais uma visita de fiscalização ao Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio Machado, na Zona Leste de Manaus, onde continuam sendo encontradas várias irregularidades: superlotação, com grande número de pacientes em atendimento pelos corredores; longa espera para realização de exames especializados, que são feitos somente no Hospital Francisca Mendes, e de cirurgias em geral; falta de material e de técnicos, como fisioterapeutas; e quantidade expressiva de empresas terceirizadas atuando no local, algumas delas que estavam atrasando os salários dos funcionários e não repassando direitos trabalhistas, como INSS e FGTS, denúncia já encaminhada pelo deputado ao Ministério Público.
E mais: grande atendimento a pacientes com pouca gravidade, que deveriam ser atendidos na rede básica de saúde, de responsabilidade da Prefeitura de Manaus, que deveria investir em campanhas de conscientização para a população, evitando, com isso, desperdício de recursos públicos. Ele enviará relatório dessa visita à Secretaria de Estado da Saúde (Susam), cobrando providências urgentes.
Desde quando foi inaugurado, o João Lúcio atua com a mesma capacidade, tem em torno de 180 leitos e atende uma média de 13 mil pacientes/mês. Para o deputado, o espaço físico já não comporta a grande demanda de um hospital referência em traumatologia. “Pela falta de novos investimentos do Governo, o número de leitos não foi ampliado e muitas pessoas sofrem ainda mais sendo atendidas pelos corredores e sujeitas a vários riscos, como infecções. O Governo Federal vem fazendo a sua parte. Esta semana, está repassando R$ 2,7 milhões para hospitais do Estado, dentre eles, o João Lúcio”.
Para José Ricardo, existe desperdício por parte do Governo do Estado, já que pacientes esperam meses internados para fazer o procedimento, ajudando na superlotação, um custo, muitas vezes, maior que os equipamentos que estão faltando. Exemplo disso são os exames de ressonância magnética e de hemodinâmica, realizados no Francisca Mendes e apenas uma vez por semana. “O Governo deveria priorizar a compra dessas máquinas. Porque das duas de hemodinâmica, somente uma faz o exame diagnóstico e a parte terapêutica; a outra, é tão antiga que mal dá conta do diagnóstico”, revelou ele, ressaltando ainda que a fila das cirurgias também é grande.
Grande atendimento da rede básica
A direção técnica do hospital e pronto-socorro também informou que 70% dos atendimentos feitos na unidade são de pouca gravidade, podendo ser resolvidos na rede básica. “Mas essas pessoas acabam procurando os hospitais de referência pela deficiência no atendimento básico. O prefeito não está fazendo a sua parte, que é investir nos serviços prioritários à população, como saúde, educação e transporte. Prefere gastar R$ 76 milhões em publicidade, como fez somente de janeiro a setembro deste ano”.
O parlamentar também destacou que o Estado deve priorizar os investimentos na saúde, a convocação dos concursados aprovados no último concurso da Susam e realização de novos concursos, para acabar com o problema da terceirização na saúde e ajudar a dar vazão à alta demanda do João Lúcio. “Mas parece que falta vontade política. Enquanto isso, a população continuará sofrendo pelos corredores dos hospitais para ter direito a um serviço essencial, previsto na Constituição”, completou José Ricardo, finalizando que continuará fiscalizando os hospitais, como ainda escolas e delegacias, como sempre fez ao longo dos seus mandatos.