A agente de saúde de Juliana Leite Rangel, de 26 anos, começa a despertar e já responde a estímulos, segundo boletim médico divulgado pelo Hospital municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na manhã desta quarta-feira. A jovem está internada no CTI da unidade desde a véspera do Natal, quando foi baleada durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O estado de saúde dela segue grave. Os agentes envolvidos no episódio foram afastados das ruas.

Juliana passou por uma traqueostomia no último dia 30. A sedação vem sendo reduzida, assim como a ventilação mecânica. A agente de saúde apresenta “boa resposta a essa redução de suporte”, diz o boletim. Segundo o informe, do ponto de vista neurológico, a jovem “mantém reflexos preservados”. Não é possível, porém, fazer uma avaliação completa do nível de consciência e nem se a vítima terá possíveis sequelas permanentes. “O processo de desmame de sedação e ventilação mecânica seguirá, de acordo com a tolerância da paciente. A mesma segue acompanhada pelo serviço de neurocirurgia e cirurgia torácica, em conjunto com equipe multidisciplinar”, diz o boletim.

Família ia comemorar o Natal

Na noite do dia 24 de dezembro, a agente de saúde estava no banco de trás do carro da família, ao lado do irmão mais novo, de 17 anos, e da namorada dele. Na frente, estavam a mãe da agente de saúde, Dayse Rangel — no carona, com o cachorro de estimação no colo —, e o pai da jovem, Alexandre da Silva Rangel, que conduzia o veículo. Ele chegou a ser ferido por um disparo na mão esquerda, mas não precisou ficar internado. Todos seguiam para Niterói, na Região Metropolitana do Rio, onde passariam o Natal com parentes.

“Eu estava em 90 (km/h, velocidade até 110. Aí olhei pelo retrovisor, eu vi aquele giroscópio. Pensei que era uma ambulância, liguei a seta. Dei passagem. Mas só quando ele chegou perto de mim, jogou atrás de mim. Falei: “Ih, não passou, não”. Aí liguei a seta e voltei. Quando eu voltei, mandaram bala, sem parar”, contou Alexandre ao “Fantástico”, lembrando que os estilhaços dos vidros começaram a cair sobre os ocupantes do carro.

Após parar o veículo, Daisy afirma que o carro ainda foi alvo de “mais tiro”, conforme relatou à TV Globo — ao todo foram cinco disparos que atingiram o carro. A Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar o que aconteceu nessa abordagem da PRF. A PF ouviu os agentes envolvidos e apreendeu as armas usadas por eles.

A defesa dos policiais envolvidos na abordagem ressalta que seus clientes “são servidores respeitados” e que “nunca responderam a processos administrativos”. Em nota, o advogado Luiz Gustavo Faria diz que “algumas versões que foram noticiadas não reproduzem o que aconteceu”. Segundo o posicionamento, os policiais receberam informações envolvendo um carro de mesmo modelo que o da família de Juliana e que, após ouvirem estampidos “que naquele momento acreditava-se sair do carro da família”, os agentes dispararam.

O Globo

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