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São Paulo — O adolescentes Gregory Ribeiro Vasconcelos, de 17 anos, foi morto com tiros pelas costas, conforme mostra o laudo necroscópico do Instituto Médico Legal (IML). Gregory morreu em uma ação da Polícia Militar (PM) no Morro São Bento, em Santos, litoral de São Paulo, no último dia 5 de novembro. Além dele, o menino Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, também foi morto.

Anteriormente, a PM admitiu que a bala perdida que matou Ryan provavelmente partiu de um policial. A reportagem perguntou à Secretaria da Segurança Pública (SSP) se a corporação tem a mesma percepção sobre os tiros que atingiram Gregory.

A pasta informou, por meio de nota, que o caso é investigado, sob segredo de Justiça, pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Santos. “Paralelamente, a Polícia Militar apura os fatos por meio de um Inquérito Policial Militar. Os agentes envolvidos na ocorrência estão afastados das atividades operacionais. Detalhes serão preservados em razão do sigilo determinado pela Justiça”, diz a nota.

8 tiros

O laudo necroscópico de Gregory, ao qual o Metrópoles teve acesso, concluído em 13 de novembro, mas divulgado apenas nesta semana, mostra que o adolescente foi atingido por um tiro de raspão no abdômen, dois tiros no braço, um na coxa e quatro tiros nas costas. Alguns dos projéteis atravessaram o corpo do jovem.

A causa da morte, segundo o laudo, foi o projétil que transfixou a base do crânio, levando à morte imediata do adolescente.

De acordo com o documento, “a natureza jurídica da morte será esclarecida oportunamente pela autoridade competente”.

Entidades repudiam ação

O porta-voz da PM, Emerson Massera, afirmou que policiais da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) faziam patrulhamento no Morro do São Bento quando foram surpreendidos por criminosos atirando contra eles. Os PMs teriam então chamado uma equipe da Força Tática, que rapidamente chegou ao local, e houve um novo confronto.

Moradores do Morro do São Bento negam a versão, e dizem que só houve disparos por parte de policiais militares.

O suposto tiroteio vitimou Ryan, de 4 anos, e Gregory, de 17. Além deles, um adolescente de 15 anos ficou ferido. Nenhum dos sete policiais envolvidos na ocorrência se feriu. Todos eles foram afastados.

Uma série de entidades da sociedade civil, incluindo a Ouvidoria da Polícia e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgaram nota no dia seguinte às mortes repudiando a ação da PM.

“É inadmissível que a gestão da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, assim como o comando da PMESP, considere a morte, sobretudo de crianças, como um resultado aceitável da atuação das forças policiais”, diz a nota.

Ainda segundo o texto, “a morte de pessoas em operações policiais, além de gerar impactos incomensuráveis para as famílias, mina a confiança das comunidades afetadas na polícia, fortalecendo, inclusive, o próprio crime organizado”, diz.

“O que o Estado de São Paulo precisa é de uma polícia profissional que seja capaz de investigar os crimes mais graves, agir dentro da lei e de romper com o ciclo criminal atacando o alto escalão do crime organizado. Não de uma força policial que gere mais violência e mortes”, afirma.

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