Conselheira Renata Gil apontou que o juiz atendeu às intervenções do promotor, mas não acatou nenhum dos pedidos da advogada

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) puniu com censura o juiz Carlos Henrique Jardim da Silva por omissão diante de ofensas misóginas feitas por um promotor contra a advogada Catharina Estrella durante um júri popular em setembro de 2023.

“O juiz não é um item de decoração, uma árvore, algo estanque que só observa o que está acontecendo”. Com essa constatação da conselheira Renata Gil, o plenário do CNJ decidiu, por unanimidade, punir um juiz. 

Durante o julgamento, o promotor Walber Luís do Nascimento comparou a advogada a uma cadela e afirmou que isso seria uma “ofensa” ao animal.

Apesar da fala ofensiva, o juiz não interveio nem repreendeu a atitude, violando a Lei Orgânica da Magistratura, o Código de Ética da Magistratura e o protocolo para julgamentos com perspectiva de gênero, segundo o CNJ.

A punição, considerada uma advertência formal, será registrada na ficha funcional de Carlos Henrique, mas não terá efeito prático imediato, pois ele está aposentado por invalidez.

O CNJ também informou que notificará o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) sobre a decisão.

Após o episódio, Catharina Estrella lamentou a falta de ação do juiz e recebeu apoio da OAB, que repudiou as falas do promotor.

Em contrapartida, a Associação Amazonense do Ministério Público defendeu Walber Nascimento, classificando sua atuação como “firme, urbana e técnica”.

O próprio promotor afirmou ter uma carreira de 32 anos sem histórico de ofensas contra colegas e disse não se curvar a tentativas de desmoralizá-lo.

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