A juíza Andréa Galhardo Palma, do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou que as provas colhidas pelo perito independente nomeado pelo Bradesco para investigar o rombo de R$ 2o bilhões na Americanas sejam sigilosas.

O restante do processo deve seguir público, “por razões de interesse público e transparência”, escreveu a juíza.

Na semana passada, o Bradesco obteve na Justiça o direito de conduzir uma investigação na Americanas, com o objetivo de apurar a responsabilidade de diretores, conselheiros e acionistas sobre a maquiagem contábil realizada na empresa.

A Americanas recorreu, alegando que o Bradesco foi “abusivo” ao solicitar uma investigação ampla, sem citar diretamente nomes de pessoas envolvidas. Eles disseram que o período de 10 anos é extenso, e que o acesso de correspondências de funcionários em janela tão extensa traria o risco de os e-mails serem expostos de forma indevida – “afinal, sequer houve determinação de sigilo (no processo)”, escreveram os defensores da empresa.

Na decisão, Palma acatou parcialmente o pedido e determinou que as provas fiquem sob sigilo até a verificação e triagem do perito nomeado. Contudo, após separar o material que tem relevância para o processo e as mensagens que não estão relacionadas às decisões contábeis, o perito estará autorizado a disponibilizar as provas no processo.

Tais documentos deverão ser compartilhados com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que já tinha solicitado, em ofício, para acessar as provas produzidas. A autarquia tem dois inquéritos abertos para investigar a atuação da Americanas.

Indicação da Kroll

Embora as decisões tenham sido favoráveis ao Bradesco, o banco ainda não conseguiu nomear uma empresa de investigação forense para conduzir os trabalhos.

A primeira tentativa foi a de indicar a Ernst & Young (E&Y), mas a empresa recusou o convite, dizendo que já havia sido contratada pela própria Americanas para conduzir uma investigação interna para apurar o problema.

Em seguida, o Bradesco tentou nomear a Deloitte e teve o pedido negado pela firma de auditoria, que alegou ter conflito de interesse no caso, sem especificar o motivo.

Na quarta tentativa, avalizada pela juíza do processo, o banco pretende nomear a Kroll, empresa global especializada em investigação forense. A Kroll tem 24 horas para responder. Com informações de Metrópoles.

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