
A Justiça Federal no Amazonas concluiu, nesta sexta-feira (17), a audiência de instrução do processo que apura a atuação de uma organização criminosa envolvida em pesca ilegal na Terra Indígena Vale do Javari, no interior do estado. A ação penal é movida pelo Ministério Público Federal (MPF), que denunciou nove pescadores pelo esquema, entre eles Ruben Dario da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”, e Amarildo da Costa de Oliveira, o “Pelado”, já réu pelas mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, ocorridas em junho de 2022.
Durante a audiência, realizada na sede da Justiça Federal em Manaus, Colômbia permaneceu em silêncio, enquanto outros pescadores negaram participação na organização criminosa ou optaram por não prestar depoimento. Considerado líder do grupo, Colômbia é apontado como responsável pelo comando da pesca ilegal e tráfico de munições no Vale do Javari e também como o mandante dos assassinatos de Bruno e Dom.
Segundo a Polícia Federal, as ações de fiscalização conduzidas por Bruno Pereira contra atividades ilegais na região teriam causado prejuízos financeiros ao grupo, o que motivou os crimes. Com o encerramento da fase de oitiva de testemunhas, o processo entra agora na etapa das alegações finais de acusação e defesa. Em seguida, caberá à Justiça proferir a sentença.
O caso que chocou o mundo
Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram em 5 de junho de 2022, enquanto realizavam uma expedição no rio Itaquaí, entre as comunidades de São Rafael e Atalaia do Norte. O jornalista britânico, colaborador do The Guardian, trabalhava no livro “How to Save the Amazon?” (“Como salvar a Amazônia?”), que tratava da defesa dos povos indígenas e da preservação da floresta.
A viagem de cerca de 72 quilômetros deveria durar duas horas, mas os dois nunca chegaram ao destino. Dez dias depois, em 15 de junho, os restos mortais foram encontrados — Bruno e Dom haviam sido mortos a tiros, esquartejados, queimados e enterrados.
Réus e acusações
Além de Colômbia e Amarildo, também respondem pelos crimes Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, e Jefferson da Silva Lima, o “Pelado da Dinha”.
- Amarildo foi preso em flagrante em 8 de junho de 2022, com munição de uso restrito e por ameaçar indígenas que participavam das buscas.
- Oseney, irmão de Amarildo, foi preso em 14 de junho e é acusado de ajudar na emboscada.
- Jefferson, capturado em 18 de junho, teria participado diretamente da execução e da ocultação dos corpos.
O MPF também denunciou Eliclei Costa de Oliveira, Amarílio de Freitas Oliveira, Otávio da Costa de Oliveira e Edivaldo da Costa Oliveira por ocultação de cadáveres e por envolver um menor de idade no crime.
Atualmente, Amarildo e Jefferson continuam presos e serão julgados por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáveres. Já Oseney cumpre prisão domiciliar com monitoração eletrônica.










