Rubens Dario Villar, o "Colômbia", é apontado pelo MPF como mandante das mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips. Justiça Federal aceitou a denúncia e tornou o acusado réu nesta segunda-feira (21)

A Justiça Federal no Amazonas aceitou, nesta segunda-feira (21), a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o cidadão peruano Ruben Dario Villar, conhecido como “Colômbia”, apontado como mandante dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Os crimes ocorreram em junho de 2022, na região do Vale do Javari, extremo oeste do estado.

A denúncia havia sido formalizada pelo MPF no último dia 5 de junho — data que marcou os três anos do duplo homicídio — e foi protocolada pelo procurador da República Guilherme Diego Rodrigues Leal, com apoio do Grupo de Apoio ao Tribunal do Júri (GATJ), perante a Subseção Judiciária Federal de Tabatinga, onde o processo tramita.

Segundo as investigações, Colômbia comandava uma organização criminosa dedicada à pesca e caça ilegais na Terra Indígena Vale do Javari. Ele seria o responsável pelo financiamento da estrutura usada para as atividades ilícitas, como embarcações, armas e combustível, além de promover a comercialização dos produtos extraídos ilegalmente nos mercados do Peru e da Colômbia.

A denúncia do MPF aponta que, com o objetivo de preservar os lucros do esquema criminoso e eliminar obstáculos, Colômbia determinou a morte de Bruno Pereira, que atuava na fiscalização e proteção do território indígena. Dom Phillips, que acompanhava Bruno em missão jornalística, também foi assassinado para evitar a exposição e garantir a impunidade do crime anterior. Os homicídios foram praticados, conforme a acusação, por motivo torpe, mediante emboscada e com uso de recursos que impediram a defesa das vítimas.

Os executores já identificados — Amarildo da Costa Oliveira, Jefferson da Silva Lima e Oseney da Costa de Oliveira — agiram sob as ordens de Colômbia e já respondem criminalmente pelos assassinatos. Em outra frente, o MPF solicitou, na última sexta-feira (18), o desaforamento do julgamento dos três acusados, pedindo que o júri ocorra em Manaus, e não em Tabatinga, por razões de segurança e imparcialidade.

Ainda nesta segunda-feira, a Justiça Federal atendeu a um pedido do MPF e determinou o levantamento do sigilo do processo, permitindo que as informações fiquem acessíveis ao público.

O caso segue sendo acompanhado por entidades nacionais e internacionais, que cobram justiça e medidas concretas de proteção aos defensores da Amazônia e aos povos originários da região.

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