Vladimir Putin e Kim Jong-un • Reuters

Kim Jong Un assistiu na segunda-feira (8) ao teste do novo motor de foguete de alto impulso da Coreia do Norte, um evento que prepara o terreno para que Pyongyang avalie seu mais novo míssil balístico intercontinental, o Hwasong-20, que, segundo a mídia estatal, na semana passada seria impulsionado pelo novo motor.

O teste ocorre menos de uma semana após Kim viajar a Pequim para um grande desfile militar, onde dividiu a tribuna com o líder chinês Xi Jinping e o presidente russo Vladimir Putin.

A visita provavelmente o deixou mais confiante para avançar com seu programa de armas nucleares, tendo renovado os laços com o antigo patrono político e econômico do país, a China, enquanto se posicionava ao lado do líder de seu novo aliado militar, a Rússia.

O teste de segunda-feira foi o nono e último para o novo motor, que é movido a combustível sólido e fabricado com materiais compostos de fibra de carbono, segundo um relatório da Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA), controlada pelo Estado.

Foguetes movidos a combustível sólido são mais estáveis e podem ser deslocados com mais facilidade para evitar detecção antes do lançamento, que pode ser iniciado em questão de minutos, segundo especialistas, em comparação com mísseis de combustível líquido, que podem precisar de horas antes do lançamento, dando tempo para adversários detectarem e neutralizarem a arma.

O teste bem-sucedido do motor “anuncia uma mudança significativa na expansão e fortalecimento das forças estratégicas nucleares” da Coreia do Norte, afirmou o relatório da KCNA.

Kim Jong-un visitou a fábrica onde o motor do foguete é produzido na semana passada, antes de sua viagem a Pequim, e um relatório da KCNA na época disse que ele discutiu planos para a “produção em série” do novo equipamento.

Ele seria usado no míssil balístico intercontinental Hwasong-19 — que foi testado com sucesso em outubro passado e demonstrou alcance para atingir alvos em qualquer lugar dos Estados Unidos — e no Hwasong-20 “de próxima geração”, que ainda não realizou voo, disse o relatório da KCNA.

O programa ilegal de armas nucleares de Kim transformou a Coreia do Norte no país mais sancionado do mundo.

No entanto, a Rússia — e, em menor grau, a China — têm se mostrado menos críticas a esse programa nos últimos anos, à medida que as tensões com as potências ocidentais aumentaram.

Putin tem se aproximado da Coreia do Norte, aproveitando Pyongyang para obter equipamento militar — incluindo mísseis — e tropas para apoiar sua guerra na Ucrânia.

No ano passado, Kim assinou um pacto de defesa mútua com Putin, no qual os dois países se comprometeram a usar todos os meios disponíveis para fornecer assistência militar imediata caso um deles seja atacado.

Especialistas disseram que a aparente aceitação da China ao status nuclear da Coreia do Norte pode ser uma reação aos fortes laços entre Putin e Kim.

“Beijing está claramente incomodada com a perda de influência em Pyongyang, à medida que a Coreia do Norte aprofunda seus laços com a Rússia”, disse Shuxian Luo, professora assistente de Estudos Asiáticos na Universidade do Havaí, Mānoa.

“Essa reunião parece ser a tentativa da China de se reafirmar como principal patrocinadora da Coreia do Norte, o que, por sua vez, pode fortalecer a influência de Pequim nas negociações com Washington.”

A notícia sobre o teste do foguete foi divulgada coincidindo com o 77º Dia da Fundação da República Popular Democrática da Coreia, aniversário em torno do qual Pyongyang já realizou testes de armas no passado.

Com informações de CNN Brasil.

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