Líder indígena Paulo Marubo morreu vítima de complicações da hepatite (Foto: Alberto César Araújo/Acervo Amazônia Real 2016)

Neste sábado, o líder indígena Paulo Marubo, que por três vezes coordenou a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), faleceu em Manaus. Sua morte representa uma perda significativa para a defesa dos povos originários e para a proteção da Terra Indígena do Vale do Javari, que abriga o maior número de indígenas em isolamento voluntário no mundo.

Paulo Marubo, que também foi um dos responsáveis por estruturar a Equipe de Vigilância da Univaja (EVU), enfrentou inúmeros desafios em sua década à frente da organização, incluindo a busca pelo indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips. Bruno Pereira foi assassinado em 2022, marcando outro trágico episódio na luta pela preservação da região.

O advogado Eliésio Marubo, parente e colega de luta de Paulo, revelou que o líder indígena enfrentava complicações em seu quadro de hepatite. Seus rins e fígado estavam severamente comprometidos, levando à necessidade de reposição de plaquetas e à retirada de líquidos da cavidade abdominal.

A tragédia se desenrolou em meio a um cenário de fragilidade no sistema de saúde, como evidenciado pela transferência de Paulo para diferentes unidades, de Tabatinga (AM) a Manaus, onde, lamentavelmente, ele não recebeu o cuidado adequado no Hospital 28 de Agosto. A situação precária na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) destaca os desafios enfrentados pelas comunidades indígenas no acesso à saúde de qualidade.

Eliésio Marubo também expressou críticas à pasta de segurança do Amazonas, enfatizando a falta de um esquema efetivo para garantir a integridade de Paulo, um alvo constante de criminosos que havia recebido ameaças de morte. O líder indígena deixa um legado marcante na Univaja, tendo contribuído significativamente para o modelo da entidade e enfrentado os desafios da região com coragem.

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) reconheceu o impacto do trabalho de Paulo Marubo, afirmando que ele “criou condições para que a floresta e as vidas que ali habitam sigam em pé.” A comunidade indígena e seus aliados lamentam a perda desse defensor incansável da Amazônia e se comprometem a honrar seu legado continuando a luta por justiça e preservação ambiental.

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