
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) utilizou a 4ª Cúpula Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos)-União Europeia, realizada em Santa Marta, na Colômbia, neste domingo (9/11), para emitir um alerta contundente sobre a situação política da América Latina e do Caribe. Em um discurso que reuniu representantes de 33 países latino-americanos e caribenhos e 27 da União Europeia, Lula descreveu a região como “balcanizada e dividida”, enfatizando a crise em seu projeto de integração.
“A América Latina e o Caribe vivem uma profunda crise em seu projeto de integração. Voltamos a ser uma região balcanizada e dividida, mais voltada para fora do que para si própria”, destacou o presidente. Ele lamentou o crescimento da intolerância e o retorno do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado, afirmando que as cúpulas regionais se tornaram “um ritual vazio” onde as ideias raramente se concretizam e os principais líderes se ausentam.
Defesa da Paz e Mediação de Conflitos
Um dos focos do encontro foi a escalada das tensões entre Estados Unidos e Venezuela, com a intensificação da presença militar americana no Caribe. Lula reiterou a posição do Brasil de buscar uma saída pacífica para o conflito, reafirmando que a América Latina é uma “zona de paz” e se colocando à disposição para mediar a disputa, como já havia sinalizado em reunião com Donald Trump.
O presidente também criticou o retorno da ameaça do uso da força militar na região e o uso de “velhas manobras retóricas” para justificar intervenções ilegais. Defendeu que “democracias não combatem o crime violando o direito internacional” e que a segurança é um direito fundamental. Para enfrentar o crime organizado transnacional, Lula propôs ações coordenadas, intercâmbio de informações e operações conjuntas, citando o Comando Tripartite da Tríplice Fronteira e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia como exemplos.
Economia, Meio Ambiente e Igualdade
No âmbito econômico, Lula defendeu a aprovação do acordo Mercosul-União Europeia na próxima cúpula do Mercosul, em dezembro. Ele ressaltou que a parceria integraria duas das maiores áreas de livre comércio do mundo, criando um mercado de 718 milhões de pessoas e um PIB de 22 trilhões de dólares, como uma resposta ao unilateralismo global.
Em relação ao meio ambiente, o presidente destacou a COP30, que será sediada na Amazônia, como uma oportunidade para mostrar ao mundo que as “florestas tropicais devem valer mais em pé do que derrubadas”. Sugeriu o “Fundo de Florestas Tropicais para Sempre” como uma solução inovadora e salientou o potencial da região para acelerar a transição energética global com fontes limpas.
Por fim, Lula abordou a pauta da igualdade de gênero, defendendo a superação do trabalho de cuidado não remunerado e, em um gesto simbólico, sugeriu que é o momento de uma latino-americana ocupar o cargo de Secretária-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
O discurso do presidente brasileiro reforçou a visão de uma América Latina e Caribe comprometidas com uma agenda de paz, cooperação, ampliação do comércio e investimentos, visando um futuro inclusivo e sustentável em parceria com a União Europeia.
Com informações de Metrópoles










