Foto: Ricardo Stuckert

Com a aproximação das eleições de 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou ao PT que a prioridade estratégica deve ser lançar candidatos competitivos para o Senado, mesmo que isso signifique sacrificar disputas ao governo estadual. Essa decisão, noticiada pelo Globo, busca enfrentar um possível avanço da oposição liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que mobiliza o Partido Liberal (PL) para conquistar o maior número de cadeiras na Casa Legislativa.

“O Senado é central para a governabilidade e para a estabilidade política do governo. Temos que nos preparar para qualquer cenário, inclusive o mais difícil,” confidenciaram interlocutores do presidente, destacando a preocupação com o impacto da renovação de dois terços do Senado em 2026.

Desafios e riscos no Senado

Atualmente, o Senado conta com 39 senadores alinhados ao governo, enquanto 29 formam uma oposição consolidada e 13 estão no grupo considerado neutro. A renovação prevista para 2026 deve impactar diretamente o grupo pró-governo, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde o bolsonarismo tem maior força.

De acordo com análises internas do Planalto, as 11 unidades federativas dessas regiões podem eleger até 22 senadores de direita ou extrema-direita, o que fortaleceria a oposição e dificultaria o andamento de pautas prioritárias do governo.

Além de legislar, o Senado desempenha papéis cruciais, como aprovar indicações para o Banco Central, agências reguladoras, embaixadores e deliberar sobre pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Foco em alianças e nomes de peso

Para enfrentar esse desafio, Lula orientou o PT a concentrar esforços em candidaturas viáveis, mesmo que sejam de partidos aliados, como PSD, MDB e Republicanos. Nas eleições municipais de 2024, o PT já iniciou uma política de redução de candidaturas próprias para preservar alianças estratégicas.

No Rio Grande do Sul, o ministro Paulo Pimenta (PT) deve abrir mão de uma possível candidatura ao governo para disputar uma vaga ao Senado. No Rio de Janeiro, o PT avalia apoiar Eduardo Paes (PSD) para o governo e lançar Benedita da Silva para o Senado.

Em São Paulo, Geraldo Alckmin é a principal aposta para enfrentar Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na corrida ao Senado. Uma ala do PT defende que o partido não lance candidato ao governo estadual, priorizando recursos para as eleições legislativas.

No Mato Grosso, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), é a prioridade para uma vaga no Senado, com o PT indicando apoio a um candidato aliado para o governo estadual. Já em Pernambuco, a expectativa é eleger dois senadores: Humberto Costa (PT), que tentará a reeleição, e Silvio Costa Filho (Republicanos).

Planejamento estratégico para 2026

“A prioridade número um é atender ao chamado do presidente e garantir um Senado forte,” declarou Valdir Barranco, presidente do PT no Mato Grosso. Essa postura reflete o alinhamento do partido com a estratégia presidencial de evitar uma nova onda bolsonarista no Congresso.

Outros nomes ventilados incluem Enio Verri e Zeca Dirceu, no Paraná, e Gleisi Hoffmann, que também é cotada para uma vaga. No Amazonas, Omar Aziz (PSD) pode disputar o governo estadual, enquanto Eduardo Braga (MDB) e Marcelo Ramos (PT) devem concorrer ao Senado.

Com um cenário político polarizado, a estratégia de Lula evidencia a importância do Senado não apenas para sua governabilidade, mas também para a continuidade de políticas públicas e reformas estruturais em um eventual segundo mandato.

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