Foto: Ricardo Stuckert / PR

Partidos do Centrão intensificaram as pressões sobre o presidente Lula (PT) para que promova uma reforma ministerial em 2025. Com foco em ampliar o controle sobre pastas estratégicas, as lideranças dessas siglas buscam fortalecer sua posição no governo, de olho na execução de políticas e no controle de orçamentos robustos, em troca de alianças para 2026, informa o g1

Entre os ministérios mais cobiçados estão o da Saúde, atualmente liderado por Nísia Trindade, e o das Relações Institucionais (SRI), comandado por Alexandre Padilha (PT). Também entram na mira as pastas da Defesa, ocupada por José Múcio Monteiro, e da Justiça, sob a liderança de Ricardo Lewandowski. As mudanças, entretanto, esbarram no estilo característico de Lula, que resiste a pressões externas e costuma postergar decisões estratégicas. 

Saúde e Relações Institucionais como peças-chave – As movimentações mais intensas ocorrem em torno da Saúde, uma pasta com grande orçamento e impacto direto na população. Deputados do Centrão defendem que o ministério, atualmente ocupado por uma técnica de confiança do presidente, seja redistribuído para contemplar interesses políticos da base. 

No caso da SRI, que articula a relação do governo com o Congresso, o Centrão avalia que Alexandre Padilha (PT), deputado licenciado e aliado de Lula, poderia ser substituído por um nome indicado por líderes parlamentares para facilitar negociações e garantir a fidelidade da base em votações importantes. 

Defesa e Justiça na balança – Nos últimos meses, especulações indicam que José Múcio Monteiro e Ricardo Lewandowski poderiam deixar os ministérios da Defesa e Justiça, respectivamente, devido a questões pessoais e familiares. Apesar disso, ambos são considerados peças importantes na estratégia de Lula: Múcio foi fundamental para distensionar a relação do governo com os militares, enquanto Lewandowski trouxe sua expertise jurídica para negociar a PEC da Segurança. 

Entre os nomes cotados para assumir o Ministério da Justiça está o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que encerra seu mandato como presidente do Senado em fevereiro e poderia fortalecer o elo do governo com o PSD. 

Pressão política versus estilo Lula – Apesar das cobranças de aliados, Lula mantém sua postura de decidir no próprio tempo. O histórico do presidente é marcado por adiamentos estratégicos, como durante a transição, quando definiu os ministérios apenas dias antes de tomar posse. 

Aliados acreditam que as mudanças podem ser definidas após o recesso parlamentar, em fevereiro, mas sem previsão concreta. A resistência do presidente em ceder a pressões externas reforça sua autoridade sobre o governo, mas gera ansiedade nos partidos que aguardam um redesenho ministerial para garantir maior influência. 

Com uma base ampla, mas heterogênea, Lula busca equilibrar as demandas políticas com a execução de projetos estratégicos, enquanto articula alianças para consolidar o apoio necessário ao governo e preparar o terreno para 2026. 

Artigo anteriorPolícia catarinense mata anão que entrou em surto psicótico
Próximo artigoUnião Brasil pode expulsar ‘Rei do Lixo’ após revelações da Operação Overclean